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LIRA E O DILEMA
Donária Salomon

LIRA e o DILEMA

O marido dizia que Lira era franca até demais, e com toda razão, pois sempre foi assim, não sentia vergonha, remorso ou arrependimento, ao contrário, orgulhava-se em falar e explicar seus propósitos, idéias e ensinamentos. Sua paciência crescia para combater a rapidez que o sangue esquentava, por isso, mantinha-se equilibrada não chegando à violência de maneira alguma, pois tinha medo, um grande e terrível medo das conseqüências por isso se inquietava, quando não tinha condições de argumentar, trancava-se no silêncio.              
Quando havia um transtorno ou outros assuntos a resolver, isolavam-se dentro de si. O dilema era abafar a angústia e a dor desses sentimentos.                    
Embora boa parte de sua vida tenha passado. E esse tempo se tornou aprimoramento em sua existência, de agora pra frente e possa dar um basta na ilusão da juventude. Sabe das armadilhas e arapucas que a pegou. Precisa largar o passado, esse fardo muito pesado, e transformar seu presente em leve e solto, para que no futuro não sofra por não tê-lo vivido intensamente. Mas não tem coragem. Não tem vontade de livrar-se dos problemas, porque não pode desfazer o que foi gravado no tempo, está sempre encontrando marcas deixadas no caminho e sem saber porque razão não pode apagar. O amor foi cego deixou que acreditasse, pois a parte linda de sua vida foi com o amor, ele quem a ensinou. E a parte mais triste foi ele quem a marcou. Outro dia seu marido sorriu para ela causando uma alegria enorme, só de vê-lo assim teve vontade de chegar perto, de respirar o ar que ele respirava, sentir seu coração bem junto dela, saber mais, das suas aspirações e tudo sobre seus medos, suas angústias, compartilhando suas vidas. Seu amor não é egoísta, quer o bem estar ao lado dele, mas para isso seria preciso que ele também se sentisse da mesma maneira. Mas já fez o que pode, acha impossível que a situação mude. No entanto a atmosfera que envolve o casal é imperceptível de sofrimento e com esse clima Lira segue, cheia de ilusões, pronta a saborear a vida, mas é imposta sempre a recuar, então se oculta, sem encanto, para no dia seguinte reviver a incerteza constante ao invés de alegrias e deslumbramentos que merece e sua vida necessita para uma existência melhor...
Lira sofre amargamente, talvez pela primeira vez uma barreira intransponível, não será erro crer que a essa altura os sentimentos se reproduzam: Uma vez despertos procriam e se multiplicam no corpo e na alma. No coração adormecem ou despertam ao sabor dos acidentes da vida, mas ali permanecem, e essa permanência modifica o indivíduo, necessariamente...
Pensou na possibilidade de dizer tudo que gostaria de ter dito, em tudo que gostaria de ter feito e ainda não fez, preferiu diante de tantas coisas, o silêncio, “aceitar”, as desavenças, compreender, e deixar o próprio tempo colocar as coisas no seu devido lugar, era o momento de lutar para que os outros não interferissem em sua vida, mas precisamente em sua mente. Não teve coragem, de deixar a casa e muito menos o quarto onde sofreu as falsas conciliações, simuladas de afeição, tal idade não poderia ter mais ilusão diante dos fatos que tiraram todo o encanto. Só leva a certeza para o dia seguinte, que lança a esperança para um novo amanhecer. Ela recusa-se a aceitar a viver sentindo a amargura de curtir a sua solidão, quase uma agonia psíquica, o foi uma terrível aprendizagem para a revolta, que penetrou no seu coração. Seria difícil integrá-se novamente, depois do novo mundo que conheceu. Estes ensinos cruéis formaram uma parreira de mágoas fazendo parte de sua vida. Até então só havia esperança de que tudo florescesse, assim qualquer sentimento deveria existir por apenas um dia. À dor física, a mais constante na sua vida, tinha se habituado, agora também com a dor psíquica.
Realmente sofria com suas aparições, perturbando sua saúde mental, enfraqueceram-na porque não se conformou com elas e sua natureza para manter-se viva se opõe a essa força destruidora, criando barreiras com a indignação. A sua verdadeira dor abrangia todo seu ser, com as saudades. O presente, de que maneira, cruel a crucificava! E o futuro, na sua integridade desmorona-se, destruindo a sua alegria, pondo em sua alma uma aversão por tudo que se relacionasse com seu pequeno mundo...Imenso para pesar no corpo e na alma. Esse mal deveria chegar no momento em que o corpo não pudesse mais responder. Para não receber nenhuma mudança, então morreria, acabando com   qualquer sofrimento e a sua alma tomaria o caminho do céu.
Com tudo que passou não morreu, também não queria ser igual à sua avó ou à sua mãe. Passou a considerar o direito no mundo a um lugar diferente do delas... Que ouvira durante muito tempo que seus papéis principais eram de servir ao marido e educar os filhos. Faltou pouco. O mal quase fulminou o seu coração, provocando uma chaga, mas a morte, diante da mulher jovem de natureza forte, recuou.
Seria fácil trucidar as angústias e amarguras enraizadas que roubaram as alegrias de viver dos seus dias? Como acabar com esses dias e noites, e manda-los de volta aos caminhos que a conduziram?
Recolheu-se da cena cotidiana e no seu refúgio definiu que tipo de amor e vida que desejava levar e o que ceder aos outros e o que gostaria de receber. Ficar passiva, aceitando o que viesse à revelia, a sobra de uma vida que ela tinha iniciado com muito afinco. Se não há mais momentos de carinho nem há respeito, qual seria o sentido em continuar juntos? Ir à luta? Talvez preservar realmente quem a ama...


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