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Um recado a nossos pais
Rosimeire Pereira dos Santos

Resumo:
Breve reflexão sobre o masculino e a paternidade na contemporaneidade.

Um recado aos nossos pais

Para amar é preciso ser, mas para ser é preciso, antes de tudo, amar: pois quem não ama é um simples fantasma.

V. Jankélévicht

A sociedade capitalista é pródiga em criar motivos emocionais de consumo: dia das mães, avós, namorados, pais, cachorro, etc. Mesmo conscientes da intencionalidade comercial dessas datas comemorativas, isto não quer dizer, que uma posição crítica diante destas, deva constituir-se numa atitude de total negação e/ou anulação de seus valores simbólicos e reflexivos. Não podemos esquecer que somos animais simbólicos, e enquanto tal nutrimo-nos dos nossos signos.
Hoje, Dia dos Pais, gostaria de refletir um pouco sobre o personagem celebrado.
O machismo-patriarcal criou um arquétipo masculino endurecido, pretensamente poderoso e pouco sensível. Sobre a cacunda do gênero-macho pesam imagens, atribuições, coerções difíceis de sustentar, pois, camuflam fragilidades e contradições inerentes a condição humana. Afinal, homem que é homem não chora, sente o que lhe é conveniente (melhor ainda se não sente), é forte, inteligente, corajoso, bem-sucedido, garanhão, provedor e... (in) feliz? O projeto de poder e dominação engendrados por esse paradigma, além de ter criado uma sociedade caótica, opressora e desigual, exigiu e ainda exige um alto preço em agitações e conflitos entre o feminino historicamente oprimido e o masculino convencido de sua fábula, relutante em permanecer em sua posição de poder, alheio ao seus reveses. É claro que tudo isso são generalizações. Os papéis do masculino e feminino sofreram inúmeras transformações ao longo do último século e não podemos mais falar em um único arquétipo ou modelo de gênero. O movimento feminista, os movimentos de liberdade e expressão sexual alteraram profundamente conceitos, subjetividades e comportamentos, sendo mais prudente localizar reminiscências do padrão macho-patriarcal a partir do lócus de classe, formação e informação dos indivíduos. O panteão masculino atual, felizmente, é muito mais colorido e variado.
Do grande chefe patriarcal repressor do início do século passado, a famílias formadas por congêneres do mesmo sexo, ou ainda, o crescente percentual de famílias chefiadas por mulheres e acéfalas da presença masculina, nosso momento atual é de redefinição das subjetividades, das relações humanas de um modo geral, e da emergência de novas formas de constituições familiares.
Freud definiu o papel do pai na relação familiar como o princípio de realidade. O personagem exterior a visceral ligação materna, capaz de trazer razoabilidade e equilíbrio ao ambiente familiar. Infelizmente, muitos pais ainda se encontram distantes de cumprir esse e outros papéis que possam ser aventados.
Neste Dia dos Pais, gostaria de falar aos masculinos pais ou não, que não se furtem de vivenciar radicalmente, acredito que a maior, e talvez, a única realmente verdadeira modalidade de amor incondicional da experiência humana. Filhos.
Esse é meu recado a todos: pais que são verdadeiramente pais, pais que são progenitores mais que ainda não assumiram seu papel de pai, mães que são pai e mãe ao mesmo tempo, pais que são mães. Ainda que sejam válidas as críticas ao autoritarismo da família nuclear, esta ainda é o primeiro e continua sendo, senão o único, um importante lugar de construção da possibilidade do afeto.


Biografia:
Me chamaram de Rosi. Sou Professora de História, Especializanda em Cultura Afro-Brasileira e membro do Grupo de Pesquisa Epistemologia do Educar e Práticas Pedagógicas do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFBA. Acredito que de fato, sou uma Rose (Rosa). Sou primavera.
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