Desejo
corre o mundo,
sem nome,
sem cor,
não vê estribeiras,
não arreia em portos.
É tudo o que a gente tem
É um pouco de tudo que
gente sonha.
Desejo, faz de conta
que é invisível,
mas bate no corpo de
todo mundo;
destrói até guerras
sem correr o cedro,
altivando a flor.
Desejo é palavra mágica,
dita a dois;
faz um elo em torno de si,
faz uma roda de flores
em torno de tudo que pulsa,
e passa a ser fruto de
todos os inícios,
do princípio ao fim !
Desejo é assim,
coisa bem pessoal.
Sem meias-curtas,
sem imagens baratas,
sem missa, ou dever.
Nasce, brota e renasce;
é lâmina quente,
não é instrumento cortante,
mas é placa de vidro,
quebradiça de dar dó.
Corre numa faixa delgada
e lasca os mais inquebráveis!
A todo segundo tem um desejo
batendo na porta de alguém.
Tem uma estrela caindo
e pedindo que se forme
mais ânsias, e que o desejo
seja mestre da falta
de controle, sem vírgulas e
sem sentinelas, que rompe
nas eternas paixões!
E, desta forma,
sem cor ou forma,
ele abastece o mundo,
a cada segundo,
de uma agonia
tão profunda e densa
que nos atravessa, admoesta
e nos trás, de repente,
todos os sóis e luas
para se abraçarem,
num longo beijo de desejo.
E não pára nunca;
e que o nunca é só nosso,
e para sempre, é de dois
pois jamais trás o disfarce.
E desejo?
São doces e lânguidos de beijos.
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