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COMO AQUELES PASSARINHOS
GILSON CHAGAS

COMO AQUELES PASSARINHOS.... *..

               GILSON CHAGAS**

Cangalhas,
Meu berço de areia e palhas,
Secam distantes nossos verdes tempos,
Quando tuas histórias eram repetidas
Com personagens todas conhecidas.

As músicas – única força externa
A romper nossas muralhas -    
Sofriam deformações na batalha
E chegavam com vícios capitais:
Tinham notas e palavras a menos ou a mais.
Mas me encantavam o presente
E prometiam futuro.

Que falta ainda me faz
Aquele rádio a pilhas
Que faltava lá em casa!

Cangalhas,
Berço de palha e esperança,
Meu universo-criança!
Qualquer   estranho a pôr na “estrada” o pé
Era “estrangeiro”, “cigano”,
Ou “um cangaceiro tirano
Das bandas do Catolé”
O simples rastro espalhava alvoroço.
E a notícia pura nos azedava o almoço

Bom era, nas manhãs de domingo,
Subirmos à   proa das oiticicas
Pra ver embaixo os feirantes
Passarem vindos do Alto;
Ou esperar, escondidos e ofegantes,
O jeep sacerdotal   
Que ia à missa anual
Ou à entronização de algum santo
Lá da Lagoa do Canto.
                      .......
As horas de espera nos deliciavam
E alguns felizardos ainda amorcegavam!

   
Cangalhas,
Base dos primeiros sonhos:
- Êta menino cabeçudo da musenga!
Não enxerga as coisas como os outros vêem
Nem como elas de fato são,
Mas como quer que elas sejam

                             - Esse maluco não se assunta:
                             Acredita poder voar,
                             Além dos paus-d`arco e carnaubeiras,
                             Como aqueles passarinhos da capoeira!
                                              
                             Ah meus pães de ”massa do reino”,
                             Que Picos (am)assava na sexta,
                             Meu pai levava   no sábado,
                             Para o café do domingo!
                                   
                             Pães tão raros e caros,
                             Tinham o sabor dos manjares,
                             De dar dor fina no queixo
                             Engodavam-me o estômago
                             E me enchiam de planos:
                             “Um dia, quando crescer,
                            Monto um paiol com pães pra dar e vender”
                                        ........
                            Nunca mais achei pão com tais ingredientes!
                                       .                                
                             Ah Cangalhas,
                             Minha muralha de palhas,
                             Lograram-te em tua inocência
                  E te adulteras sem prudência,
                  Nos vieses da globalização..      
                  Mas, a cada dia desta minha ausência,
                  Purifico-te, em essência, no templo do coração
                                                                                                             
                           
                            
* Poema publicado no livro Rodeador Literário, organizado por Jailson Klein.
**Gilson Chagas é escritor e professor universitário em Brasília-DF.


Biografia:
GILSON CHAGAS - DADOS BIOGRÁFICOS Gilson Chagas. é Mestre em Ciências Empresariais; Especialista em Auditoria e bacharel em Ciências Contábeis. Além de diversos cursos de formação profissional, tem cursos de extensão universitária em Teologia e Comunicação em rádio. Ex-funcionário do Banco do Brasil, aposentou-se como Auditor de Rendas Municipais Atualmente é professor da Universidade de Brasília–UNB - Distrito Federal, tendo exercido o magistério acadêmico em diversas instituições nacionais, entre elas, o Universidade Luterana do Brasil e Faculdades Objetivo, em Palmas – Tocantins, Faculdade Projeção, Centro Universitário Euro-americano Sociedade de Educação e Cultura – Distrito Federal. Paralelamente, já atuou como produtor e apresentador de programas de rádio, articulista em jornais e revistas,de vários estados brasileiros; letrista de músicas. É escritor, tendo publicado, até aqui, as seguintes obras: CURVAS DO MEU CAMINHO(poesias - 1973); A FERRO E FOGO (romance – 1983); JUVENTUDE UM GRITO DE ESPERANÇA (pesquisa ´-1997); O PRINCÍPIO DA COANTABILIDADE (técnico-didático –editora Vestcon,1998) e CONTABILIDADE GERAL SIMPLIFICADA (técnico-didático- Editora SENAC, 2005; A ÉTICA E A ATIVIDADE CONTÁBIL (Dissertação – Editora Biblioteca 24x7,2008)). Obras inéditas: MOÇOS DE DEUS (Ensaios) e MÚSICA PARA PENSAR (romance).
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Ensaios JACÓ & RAQUEL GILSON CHAGAS
Poesias FALANDO DE FLORES E ESPINHOS GILSON CHAGAS
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Publicações de número 1 até 3 de um total de 3.


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