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JACÓ & RAQUEL
GILSON CHAGAS

Resumo:
A corte entre futuros cônjuges, ou o namoro em seu formato puro, está biblicamente retratado, entre outros episódios, na história singular de Jacó e Raquel. Esses personagens protagonizaram um enredo amoroso, pontuada por cenas incomuns e capazes de ofuscar tramas encontradiças nas telenovelas modernas.

JACÓ & RAQUEL


A corte entre futuros cônjuges, ou o namoro em seu formato puro, está biblicamente retratado, entre outros episódios, na história singular de Jacó e Raquel. Esses personagens protagonizaram um enredo amoroso, pontuada por cenas incomuns e capazes de ofuscar tramas encontradiças nas telenovelas modernas.   
Jacó, filho de Isaque e Rebeca, após saber-se jurado de morte por seu irmão Esaú, foge para Harã, onde residiam seu tio materno, Labão, e respectiva família. Ao conhecer Raquel, filha mais nova de Labão, Jacó se enamora da prima e planeja desposá-la. O tio e sua família o acolheram com alegria. E, um mês depois da chegada à casa deles, Labão mostra-se constrangido por estar recebendo gratuitamente os serviços do sobrinho. Abordou-o então nestes termos:
- (...) Não está certo você trabalhar de graça para mim só porque é meu parente. Quanto você quer ganhar? (Gênesis 29.15 - A Bíblia na Linguagem de Hoje).
Ante essa manifestação de boa vontade, Jacó não se faz de rogado e apresentou sua proposta.
- Trabalharei sete anos para o senhor, a fim de poder me casar com Raquel.   
Veja-se o relato bíblico a respeito do diálogo entre o sobrinho e o tio:

16 - Acontece que Labão tinha duas filhas. A mais velha se chamava Léia (ou Lia segundo outras traduções) e a mais moça, Raquel.
17 - Léia (ou Lia) tinha uns olhos lindos*, mas Raquel era bonita de rosto e de corpo.
NOTA: Em algumas traduções, os olhos de Lia são qualificados como "baços", "enfermos", "fracos", "meigos" etc. Ora, "lindo", "meigo", "baços", "fracos", "enfermos" não são palavras sinônimas. As três últimas, porém, de certa forma se equivalem. Ademais, a oração adversativa que completa o versículo 17: "mas Raquel era bonita de rosto e de corpo" sugere que Lia (ou Léia) era de fato desprovida de beleza física.     
E segue o relato bíblico:

18 - Como Jacó estava apaixonado por Raquel, respondeu:
- Trabalharei sete anos para o senhor, a fim de poder me casar com Raquel.

Como se pode depreender do versículo 18, Jacó apenas externou ali o que já estava intimamente decidido: Pediu a mão de sua pretendida. E, felizmente para ele, o tio estava de acordo:

19 - Labão disse:
Eu prefiro dá-la a você em vez de a um estranho. Fique aqui comigo.
20 - Assim Jacó trabalhou sete anos para poder ter Raquel. Mas porque ele a amava, esses anos pareceram poucos dias.
Importante: a resposta de Labão seria reproduzida, milênios depois, naquela célebre frase que D. João VI diria, no Brasil, a seu filho Pedro I:
- Antes seja para ti do que para algum desses aventureiros.
                                                         ...
Qual a jovem casadoira, de qualquer época, lugar, ou condição social, romântica ou nem tanto, que não sonha ter um pretendente disposto a tamanho sacrifício? Trabalhar sete anos para poder qualificar-se como esposo. E o mais interessante: aquele era sem dúvida um amor puro, sem envolvimento sexual. Apenas a expectativa da posse. Ver-se-á pelas circunstâncias do casamento que os noivos, embora habitassem a mesma casa, não tiveram, nos sete anos decorridos, nenhuma intimidade. Não obstante isso, o amor que movia Jacó era consistente e profundo, a ponto de aqueles sete anos parecerem-lhe poucos dias. E alguns fatos ocorridos no relacionamento posterior do casal indicam que os sentimentos de Jacó eram em algum grau correspondidos.
Chegou enfim a ocasião ansiosamente aguarda:

21 - Quando passaram os sete anos, Jacó disse a Labão:
- Dê-me a minha mulher. O tempo combinado já passou e eu quero me casar com ela.

O tio acolheu de pronto a reivindicação e providenciou a festa de casamento, segundo os costumes. Armou, contudo, inusitada "surpresa" para o sobrinho-genro:

22 - Labão preparou uma festa de casamento e convidou a gente do lugar.
23 - Mas naquela noite, Labão pegou Léia (Lia) e a entregou a Jacó e ele teve relações com ela.

Observe-se que ele fez uma troca não combinada: entregou Léia (Lia) em vez de Raquel. E a Bíblia deixa claro que Jacó não percebeu de imediato o logro. Certamente, os costumes da região, à época, impediam que os nubentes se encontrassem (ou se vissem claramente) na hora do casamento, até à alcova nupcial. E, mesmo depois de ter chegado aos aposentos íntimos, provavelmente em razão de o quarto ser escuro ou a noiva ter o rosto encoberto por véu, não foi possível a Jacó distinguir a identidade verdadeira da mulher recebida por esposa. E o fato é que "ele teve relações com ela." No dia seguinte, porém, descobriu que tinha sido vítima de um truque, ou, como diria a gíria secular, tinham-lhe vendido "gato por lebre".

25 - Só na manhã seguinte Jacó descobriu que havia dormido com Léia (Lia) Por isso foi reclamar com Labão. Ele disse:
- Por que o senhor me fez uma coisa dessas. Eu trabalhei para ficar com Raquel. Por que foi que o senhor me enganou?

Labão, como costumam agir os enganadores deliberados, apresentou uma desculpa:
              
- 26 - Labão respondeu:
- Aqui na nossa terra não é costume a filha mais moça casar antes da mas velha.
- 27 - Espere até que termine a semana de festa do casamento. Aí, se você prometer que vai trabalhar para mim outros sete anos, eu lhe darei Raquel.

O tio não quer desperdiçar a chance de fazer barganha com o trunfo que possuía: a filha formosa. Ele decretava, ali, que, para Jacó fazer jus à esposa jovem e bonita, teria de pagar o preço em dobro e ainda levar a mais velha de contrapeso; Isto é, "o pacote completo."
Jacó se rende à dura imposição do sogro: e dá exemplo de determinação na busca de seu objetivo. Ora, se sete anos de trabalho não remunerado já significam grandes sacrifícios e renúncias, que se dizer de uma nova jornada por igual período?
A despeito de sentimentos menores, como revolta, humilhação, mágoas, ou algo que o valha, submeteu-se às regras do jogo. Tinha um propósito maior a ser alcançado: a esposa sonhada.

28 - Jacó concordou, e, quando terminou a semana de festa do casamento de Léia (Lia), Labão lhe deu a sua filha Raquel como esposa.   
30 - Jacó também teve relações com Raquel e ele amava Raquel muito mais do que amava Léia (Lia). E ficou trabalhando para Labão mais sete anos.
        Importante: os versículos precedentes serviram de fundamento para uma “pegadinha” que o pastor Sérgio Becker, capelão do Centro Universitário Luterano de Palmas, costumava usar conosco, em momentos de recreação:
- Você sabia que Jacó era analfabeto?
- Não sabia, pastor. Por que o senhor afirma isso?
- É porque ele amava Raquel e não Lia.
                                                      ...
O restante da história de Jacó, Léia (Lia) e Raquel está escrito nos versículos finais do capítulo 29 e em capítulos subsequentes do livro de Gênesis.
A Bíblia os aguarda, para saciar-lhes a curiosidade. Literalmente, mãos à obra!


Biografia:
GILSON CHAGAS - DADOS BIOGRÁFICOS Gilson Chagas. é Mestre em Ciências Empresariais; Especialista em Auditoria e bacharel em Ciências Contábeis. Além de diversos cursos de formação profissional, tem cursos de extensão universitária em Teologia e Comunicação em rádio. Ex-funcionário do Banco do Brasil, aposentou-se como Auditor de Rendas Municipais Atualmente é professor da Universidade de Brasília–UNB - Distrito Federal, tendo exercido o magistério acadêmico em diversas instituições nacionais, entre elas, o Universidade Luterana do Brasil e Faculdades Objetivo, em Palmas – Tocantins, Faculdade Projeção, Centro Universitário Euro-americano Sociedade de Educação e Cultura – Distrito Federal. Paralelamente, já atuou como produtor e apresentador de programas de rádio, articulista em jornais e revistas,de vários estados brasileiros; letrista de músicas. É escritor, tendo publicado, até aqui, as seguintes obras: CURVAS DO MEU CAMINHO(poesias - 1973); A FERRO E FOGO (romance – 1983); JUVENTUDE UM GRITO DE ESPERANÇA (pesquisa ´-1997); O PRINCÍPIO DA COANTABILIDADE (técnico-didático –editora Vestcon,1998) e CONTABILIDADE GERAL SIMPLIFICADA (técnico-didático- Editora SENAC, 2005; A ÉTICA E A ATIVIDADE CONTÁBIL (Dissertação – Editora Biblioteca 24x7,2008)). Obras inéditas: MOÇOS DE DEUS (Ensaios) e MÚSICA PARA PENSAR (romance).
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Outros títulos do mesmo autor

Ensaios JACÓ & RAQUEL GILSON CHAGAS
Poesias FALANDO DE FLORES E ESPINHOS GILSON CHAGAS
Poesias COMO AQUELES PASSARINHOS GILSON CHAGAS


Publicações de número 1 até 3 de um total de 3.


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