As lutas, muitas vezes, ainda são vistas com certo preconceito dentro do ambiente escolar, sendo erroneamente associadas à violência. No entanto, trabalhar esse tema em sala de aula é uma oportunidade valiosa de promover o respeito, a disciplina e o desenvolvimento integral dos alunos. Foi com esse olhar que nasceu o projeto “Luta não é briga”, aplicado com a turma do 3º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Prof. Antonio Manoel Pereira de Castro, localizada em Itapecerica da Serra (SP).
O projeto teve como principal objetivo ajudar as crianças a compreenderem as diferenças entre lutas e brigas, partindo de rodas de conversa nas quais os alunos puderam expressar suas vivências e percepções sobre o tema. Esses momentos foram fundamentais para que eles refletissem sobre o contexto em que vivem, reconhecendo comportamentos de respeito, autocontrole e empatia.
Em um segundo momento, os alunos foram introduzidos a jogos de oposição, como “A bola é minha”, “Sumô com os pés”, “Pega fita” e “Briga de galo”. Essas atividades lúdicas possibilitaram vivências corporais semelhantes às das lutas, mas sempre com foco na segurança, cooperação e respeito às regras. Assim, as crianças puderam entender, na prática, que lutar não significa machucar, mas sim disputar de forma controlada e respeitosa.
Para concluir o projeto, foi proposta uma pesquisa sobre lutas pelo mundo. Foram selecionadas oito modalidades — como judô, capoeira, caratê, sumô, taekwondo, jiu-jitsu, boxe e kung fu — e realizado um sorteio em sala. Cada aluno ficou responsável por pesquisar informações sobre a origem da luta, seu criador, trajes e acessórios utilizados, curiosidades, principais golpes e imagens ilustrativas. Como a turma contava com cerca de 30 alunos, algumas lutas se repetiram, o que permitiu diferentes olhares sobre o mesmo tema.
Ao final do projeto, os resultados foram surpreendentes. Além de ampliarem seus conhecimentos sobre as diversas manifestações culturais e corporais das lutas, os alunos apresentaram melhorias significativas no comportamento, na convivência e na resolução de conflitos. Tornaram-se mais respeitosos nas interações e mais conscientes sobre a importância do diálogo e do autocontrole.
Projetos como esse demonstram que a Educação Física vai muito além do movimento. Ela também é um espaço de formação humana, onde valores como respeito, solidariedade e empatia são vivenciados e fortalecidos por meio das práticas corporais.
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