Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Friedrich Hegel e o idealismo absoluto
Giulio Romeo

Friedrich Hegel (1770-1831) é um dos mais influentes filósofos da tradição ocidental, sendo amplamente reconhecido por sua contribuição ao Idealismo Alemão, particularmente através de sua teoria do Idealismo Absoluto. O pensamento hegeliano é vasto e complexo, mas o núcleo de seu sistema filosófico reside na tentativa de compreender a realidade de maneira totalizante, onde o espírito (ou mente) é o princípio fundamental que une todos os aspectos da existência.

O que é o Idealismo Absoluto?

O Idealismo Absoluto de Hegel é uma forma de idealismo que sustenta que a realidade é essencialmente mental ou espiritual (Geist), e que todo o processo da realidade está em constante desenvolvimento dialético.

Diferentemente de outros tipos de idealismo (como o de Kant ou Fichte), o Idealismo Absoluto não separa o mundo das ideias do mundo físico; ao contrário, Hegel propõe que a mente e a realidade são dois aspectos de um único processo dinâmico e inter-relacionado.

1. A Dialética e o Desenvolvimento da Realidade

A chave para entender o idealismo de Hegel está em sua dialética. Para ele, o movimento da história e da realidade é governado por uma lógica dialética, que segue um processo tríade: tese, antítese e síntese. Esse processo representa uma tensão entre opostos que leva à sua superação e integração em um nível superior de compreensão e existência.

Tese:
Uma proposição inicial ou estado de coisas.

Antítese:
A negação ou oposição à tese.

Síntese:
A resolução da contradição entre tese e antítese, levando a um novo estado de realidade mais elevado.

Esse processo dialético não ocorre apenas no pensamento humano, mas também, para Hegel, na própria realidade. A realidade não é estática, mas um desenvolvimento contínuo de ideias e formas em constante evolução. O absoluto, para Hegel, é esse processo totalizante de desenvolvimento, onde as contradições não são destruídas, mas superadas.

2. O Espírito Absoluto (Geist)

Para Hegel, o Espírito (ou Geist, em alemão) é a essência última da realidade, e é tanto subjetivo (a mente individual) quanto objetivo (as instituições, a cultura, o Estado) e absoluto. O Espírito Absoluto é a realidade última que se manifesta em tudo — nas ideias, na história, na natureza e nas instituições humanas.

Espírito Subjetivo:
Relaciona-se à consciência individual, à percepção e às atividades mentais de cada pessoa.

Espírito Objetivo:
Expressa-se nas estruturas sociais, culturais, políticas e jurídicas que refletem a razão humana encarnada no mundo.
Espírito Absoluto: A fase final e mais elevada do desenvolvimento, onde a realidade se torna plenamente consciente de si mesma através da arte, da religião e, finalmente, da filosofia.

No nível do Espírito Absoluto, o ser humano e a realidade em geral alcançam sua forma mais elevada de auto-realização e autocompreensão.

3. A Relação entre a Razão e a Realidade

Hegel propôs a famosa frase: “O real é racional, e o racional é real”. Isso significa que, para ele, a realidade não é uma confusão caótica, mas segue uma lógica racional que pode ser compreendida. A razão está incorporada no mundo, e a realidade é o desdobramento da própria razão. Ou seja, o que existe tem uma razão de ser, e essa razão se manifesta através do processo dialético que move a história e a natureza.

Essa concepção é uma resposta ao problema que Kant levantou sobre os limites da razão. Enquanto Kant acreditava que a razão humana era incapaz de conhecer "a coisa em si" (a realidade última), Hegel argumentou que a razão é o próprio processo pelo qual o absoluto (a realidade em sua totalidade) se manifesta e se compreende.

4. A Filosofia da História

Hegel também é famoso por sua filosofia da história, na qual ele vê a história humana como o desdobramento dialético do Espírito Absoluto. Para ele, a história tem um sentido e um propósito, que é a progressiva realização da liberdade e da racionalidade. A história, portanto, é o processo através do qual a humanidade se torna consciente de sua própria liberdade e realiza essa liberdade no mundo.

Cada estágio histórico é visto por Hegel como uma manifestação de uma ideia que eventualmente atinge sua negação (antítese), o que leva a uma nova fase (síntese) em um nível superior de liberdade e consciência. O Estado, para Hegel, é a encarnação da racionalidade objetiva, e o progresso histórico é o movimento em direção à realização plena da liberdade.

5. Arte, Religião e Filosofia como Expressões do Espírito Absoluto

Para Hegel, as três principais formas de manifestação do Espírito Absoluto são:

Arte:
A arte é a forma sensível de manifestação do Espírito, onde a beleza e a expressão estética tornam visível o processo racional do mundo.

Religião:
A religião, por sua vez, é uma forma mais elevada de manifestação do Espírito, que oferece uma visão simbólica do absoluto e da verdade.
Filosofia: A filosofia é o nível mais alto de manifestação do Espírito Absoluto, pois, nela, o Espírito se compreende plenamente de forma conceitual e racional.

6. Crítica ao Idealismo de Hegel

O Idealismo Absoluto de Hegel foi uma das teorias mais debatidas na história da filosofia. Muitos o criticaram por seu suposto determinismo histórico e sua ênfase na racionalidade absoluta da realidade. Para críticos, como Karl Marx, a visão de Hegel da história foi considerada idealista demais, negligenciando as condições materiais e econômicas da existência humana.

Além disso, filósofos existencialistas, como Kierkegaard, criticaram Hegel por tentar totalizar a realidade e diluir a individualidade humana em um sistema filosófico universal.
Kierkegaard argumentou que a experiência subjetiva e individual não pode ser completamente capturada por um sistema racional e totalizante como o de Hegel.

Conclusão

O Idealismo Absoluto de Hegel representa uma tentativa monumental de compreender a totalidade da realidade como um processo de desenvolvimento racional e dialético. Sua filosofia oferece uma visão unificadora, onde a mente, a natureza, a história e a sociedade são expressões de um processo racional único. Para Hegel, o objetivo da filosofia é alcançar a compreensão do Espírito Absoluto, no qual todas as contradições são superadas e a realidade é vista como racionalmente compreensível. Embora controverso e muitas vezes criticado, o sistema hegeliano continua a influenciar uma vasta gama de disciplinas, desde a filosofia até a política e a teoria social.


Biografia:
Professor de Ciências da Religião, Teólogo e Pesquisador de Ciências ocultas. Procuro a verdade e quero compartilhar meus estudos sobre o comportamento filosófico e religioso de povos e comunidades, que tem a fé, como sustentáculo de sua existência tridimensional.
Número de vezes que este texto foi lido: 49


Outros títulos do mesmo autor

Artigos A Magia do Morango Giulio Romeo
Crônicas Verdade Intrínseca Giulio Romeo
Crônicas Amor enquanto Paixão Giulio Romeo
Crônicas O reencontro com a Vida Giulio Romeo
Crônicas Conduta Gregária Giulio Romeo
Crônicas Trama da Solidão Giulio Romeo
Crônicas Decálogo Giulio Romeo
Crônicas Espírito eterno Giulio Romeo
Crônicas Uno Factum Giulio Romeo
Crônicas Os asseclas do medo Giulio Romeo

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 41 até 50 de um total de 63.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
CIÊNCIAS OCULTAS - Henrique Pompilio de Araujo 57411 Visitas
A Magia dos Poemas - Sérgio Simka 57399 Visitas
Herói - Renan Baraúna 57388 Visitas
🔴 O Mensalão, o Petrolão e o fujão - Rafael da Silva Claro 57386 Visitas
CRISTO TRANGÊNICO - OLHOS VIGILANTES 57383 Visitas
🔴 A pior propaganda do mundo - Rafael da Silva Claro 57372 Visitas
ALEGORIA DA CAVERNA - Sandra Soares Sarmento 57348 Visitas
Use a Linguagem Simples! - Vander Roberto 57330 Visitas
Sociedade etarista - Vander Roberto 57296 Visitas
A FELICIDADE - CAPÍTULO I - EFRAIM MARQUES 57288 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última