Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Mais um
Ivone Boechat

Na organização social adotada pela grandiosa maioria das nações do mundo inteiro, quando o poderoso opressor tem o comando de tudo, ter títulos, diplomas, pós e doutorado e ainda ter competência, desempenho, saúde, disposição e vontade significa absolutamente que o oprimido é apenas MAIS UM.

MAIS UM chega com seu currículo, ganha a concorrência do emprego, estufa o peito de tanto elogio, toma posse e fica. Imagina-se importante, desdobra-se em horas extras, procura agradar em tudo e agrada mesmo. É campeão de honestidade, só que não enxerga que é e será sempre MAIS UM.

MAIS UM passa a vida inteira trabalhando como se estivesse conquistado amizade, consideração e simpatia do opressor e, justamente, na hora em que sente o frágil corpo dando os primeiros sinais de cansaço e não consegue mais corresponder ao desafio desumano que lhe impõem, ousa questionar atenção, mas descobre finalmente que é apenas MAIS UM.

Começa a dura batalha entre o ego ferido de sonhador retumbante com a dura realidade, porque aí vêm as chantagens:

- Não, você não pode nos deixar, você é importantíssimo para nós, jamais poderemos perdê-lo.

Imediatamente, providências são tomadas para que se melhorem as refeições servidas na empresa, mais ar refrigerado, poltrona macia e giratória, banheiros esplendorosos, vale transporte.

- Afinal de contas, um bom empregado dá lucro nos negócios, vamos investir no seu conforto. Assim ele passará anos e anos metido aqui dentro e nem vai lembrar de mais nada.

MAIS UM fica feliz, porque pensa que estão descobrindo seus valores e nem vê que a máquina morrível de seu corpo foi aquecida para produzir mais. O salário continua o mesmo, a cobrança é cada vez maior, entre sorrisos e abraços, no corredor. Comprometido com tantas “gentilezas”, afunda-se com a terrível carga, esgota-se.

O tempo passa e as riquezas amontoam-se. É poderio, “onipotência”, exploração e quem é pobre fica mais pobre. Nas reuniões esporádicas da diretoria, acumulam-se reclamações, reclamam de tudo e como ninguém é de ferro, partem os principais para a Europa, vão descansar do stress.

MAIS UM parte para o cemitério. Foi realmente descansar e nunca mais saber que, de agora em diante, ele é contado somente como MENOS UM.

Escola Comunitária 1ª edição CNEC DF 1992


Biografia:
Natural do Estado do Rio; Membro da Academis Munsial de Cultura e Literatura: Membro da Academia Duquecaxiense de Letras e Artes de Duque de Caxias-RJ; Autora de 16 livros, Consultora em Educação.
Número de vezes que este texto foi lido: 56274


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Ivone Boechat

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 301 até 301 de um total de 301.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Lula - Pré-sal - Deus - Xiko Acis 56129 Visitas
Resumo - livro Privatização e serviços públicos - Isadora Welzel 56129 Visitas
🔴 O descobrimento do Brasil - Rafael da Silva Claro 56128 Visitas
Carros-fortes poluem e congestionam o calçadão - Galdino Mesquita 56125 Visitas
O estranho morador da casa 7 - Condorcet Aranha 56125 Visitas
Morcegóvia - Rafael da Silva Claro 56123 Visitas
Cadê o emprego, 2024? - Vander Roberto 56121 Visitas
A Aia - Eça de Queiroz 56121 Visitas
O grande espetáculo - Onihara 56120 Visitas
🔴 Pearl Harbor e o Golpe do Algodão-doce - Rafael da Silva Claro 56117 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última