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Textos ruins
Flora Fernweh

A inspiração não pode ser sufocada pela desídia de frases mal redigidas em um arranjo de palavras indispostas que não souberam transmitir o sentimento daquela substância produzida em algum canto afortunado da mente artística. Porque a escrita deve acompanhar a potência da ideia em cadência e poesia. Um texto entristecido é aquele cuja forma de ecoar no mundo se encontra rarefeita pelo descompasso nítido entre o que se pretendeu anunciar e a realidade de uma boa ideia encoberta por um manto letrado que lhe tolheu todo o seu brilhantismo original, com as gramáticas, concordâncias e regências, com filosofias silogísticas que tentam vestir o nu, tão sublime e de genialidade pura.

Textos impedidos de se fazerem audíveis pela ideia que deveriam remeter são textos ruins pelo mal que carregam afrontando sua matriz orientadora, fruto de um instante de reflexão.
O mal pertence àquele que escreve sem o ímpeto de um ator de uma peça de teatro. Não se escreve nem se faz boa poesia sem vestir máscaras que nos permitem ser exatamente o que somos, sem o fingimento banal de um mundo que nos cobra polidez e bons modos com naturalidade. A culpa é de quem escreve no tom inadequado, na dose inexata de furor, paixão ou calmaria. As melhores ideias jamais conseguiriam perdoar aqueles que as prejudicam com as palavras erradas, desmerecedores de um nobre ofício que não poderia desonrar a magnitude do insólito ou torná-lo superficial com textos que estão na contramão de um pensamento hierarquicamente elevado em relação à língua.

Antes de buscar a maestria de aprisionar uma ideia no intuito de eternizá-la em um fragmento textual, é necessário aprender a sentir as ideias, com suas canduras, raivas e demandas, é preciso saber o que a ideia espera daquele incumbido de transportá-la ao mundo das letras, fora do limbo silencioso do cérebro, e mais próxima dos humanos que se prostrarão à sua leitura. Inicialmente, é sumário pensarmos que o elemento primordial do texto é a ideia a se transmitir vivamente. Para tanto, a linguagem é um veículo que deve transportar em segurança a ideia, comprometendo-se a não perdê-la de vista durante o itinerário.

Contamos então com o serviço dos recursos da escrita para garantir que a mensagem atingirá sua finalidade, tendo como chave uma comunicação clara que satisfaça seu maior objetivo: preservar a ideia das fragilidades inerentes à sua manifestação exterior. Mas não nos enganemos, a ideia aprecia a realidade e não se intimida, a ideia é grande admiradora da vida, que lhe dá o impulso inicial antes de produzir-se introspectiva. Posteriormente, clamará o seu retorno à fonte do mundo que lhe deu origem.

Clarice Lispector uma vez revelou que tanto escrevia, mas sentia-se incapaz de expressar tudo o que precisava em um texto. Quanto mais escrevia, mais robusta tornava-se sua necessidade de escrita em uma busca sem fim por aquilo que pretendia escrever, eis a aflição de um escritor. Posso dizer que as ideias também nascem de outras ideias durante a atividade literária, não são estanques e multiplicam-se rapidamente. Quando a genialidade de uma ideia nos acomete não podemos deixá-la se esvair com o evento, é preciso ter a sensibilidade para capturá-la e elaborá-la em poesia escrita, em manifesto um autêntico que a aperfeiçoe ao invés de ofuscá-la com os requintes de um escritor principiante ou de um filósofo amador.


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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