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A cidade de São Paulo continua abandonada
Vander Roberto

Estes dias resolvi sair e visitar o Pateo do Collegio na cidade de São Paulo. Sabendo do problema da falta de Segurança, não levei nem celular, só uma grana em espécie, Bilhete Único e cópia autenticada do RG. Ao sair do Metrô São Bento, percebi que não há qualquer controle sobre quem vende coisas por ali. Dentro do próprio Metrô já há muita insegurança e subir sozinho as escadas rolantes é desafiar o medo.

Meus primeiros metros na Rua Boa Vista mostraram aquilo que uma reportagem no UOL constatou: a população de moradores de rua subiu acentuadamente e pude ver muita gente deitada em via pública com barracas montadas com restos de papelão e madeira. Os passos aceleraram e quando cheguei na 3 de Dezembro foi um alívio. Só que até o Pateo do Collegio há alguns metros e minha saga continuou olhando para todos os lados. Atravessei a ponte e logo cheguei ao local vendo mais moradores de rua e suas cabanas, um ponto onde fede urina correndo o risco de pisar em excrementos humanos em via pública. Tudo isto diante do local onde a cidade nasceu.

Visitei o local e peguei outro caminho no retorno. Resolvi pegar a Rua XV de Novembro, local histórico da cidade pois foi a via comercial mais importante da cidade no século XIX. Gente deitada no chão, pedindo esmolas, havia uma dupla de guardas municipais e mais nada. Ao chegar na Praça Antônio Prado senti o contraste: no banco da praça um mendigo em frente ao local que há um restaurante chique. Diante da estátua de Zumbi dos Palmares, refleti. Minha cidade está abandonada. Projetos para revitalização e soluções de problemas crônicos ficam somente no papel. Acabei voltando de Metrô para minha casa.

Quem assumir a Prefeitura a partir de 2025 terá enormes dificuldades. São Paulo tem problemas gravíssímos sociais, o custo de vida é alto, há uma massa de desempregados(as) que não constam das realidades apontadas pelo levantamentos dos governos e nota-se um descaso completo com a Segurança, conservação histórica e a população paulistana está esquecida. A saída que foi apontada pelo atual Prefeito foi liberar ônibus gratuito aos Domingos. Numa cidade altamente desprotegida, isto só irá aumentar a incidência de furtos e roubos dentro deste modal.

São Paulo precisa repensar sua condição de cidade. Ela não atende o cidadão e a cidadã comum em problemas mais específicos e acaba gerando uma marginalização que muitas vezes nem é vista. A vísível eu relatei neste texto. Os índices criminais na cidade parecem distantes da realidade que vemos dia após dia. O Prefeito ainda deseja reeleição? Acho difícil. São Paulo está deixando de ser uma alternativa de lazer para tornar-se uma cidade focada somente no emprego e acabou. Tentar visitar uma Pinacoteca do Estado ou Parque da Luz para um passeio é uma saga ou impossível.

No fundo, a cidade de São Paulo parece um faroeste daqueles filmes americanos/italianos enlatados. Quem mora em São Paulo deve ter o espírito de Indiana Jones tamanha as dificuldades para fazer um simples lazer. Na prática, o cidadão e a cidadã perderam o direito de andar pela cidade e isto não é normal e sim gravíssimo. A simples visita ao cemitério para lembrar a memória de um parente torna-se perigoso mesmo nos bairros periféricos.

Bairros como a República tornam-se verdadeira loucura e quanto mais distante dele, melhor. Há alguns anos pensei em fazer uma faculdade EAD ali perto e desisti pois exigia-se o comparecimento no período noturno em alguns dias. Visitar a famosa Biblioteca Mário de Andrade é uma aventura arriscada. Fui frequentador assíduo do local e hoje não tenho mais a coragem de chegar lá. A Avenida Paulista tornou-se um ponto de roubos de celulares e a vias próximas são palcos para assaltos rápidos com as famosas "coladinhas de parede".

Recentemente soube que no Metrô Tucuruvi há uma quadrilha especializada em cercar a pessoa e "depená-la". Nem passo mais por lá pois eles cercam e a vítima tem que ceder tudo. Isto bem na porta do Metrô! Há também os oportunistas que aproveitam o fato das ruas isoladas e "caem para cima". Não são nem bandidos e sim gente que tenta apavorar e acaba cometendo crime pois não há policiamento. O simples fato de sair com uma bicicleta para ir trabalhar pode aguçar o desejo dos bandidos. Nesta "bela cidade" como está São Paulo, o negócio é não ter mais nada.

Triste gastar tempo contando estas mazelas. Morador há 42 anos da capital, digo que a população precisa começar a ser bem mais enérgica com seus representantes municipais e parar de ser omissa, participando de reuniões públicas e efetivamente exigindo comprovada documentação das ações feitas por estas autoridades. A cidade fede urina e vê-se excrementos pelas ruas! Será que tais políticos não olham a realidade? Não sentem-se incomodados(as)?

O assalto ocorrido pela deputada Tabata Amaral no trânsito paulistano mostra a verdadeira face da cidade paulistana. Não é a primeira e nem será a última vítima. No andar da carruagem, a tendência é cada vez ficar pior. Não basta revitalizar e sim um projeto que sane os problemas mais crônicos em primeiro momento e comece a redesenhar uma cidade com qualidade de vida, coisa abandonada há muitas décadas.

O pior que não adianta fugir do problema indo passear aos finais de semana no litoral ou interior como muita gente faz nos feriados tentando esconder a realidade. A cidade está aí e quem nela mora precisa atuar para que os problemas sejam tão logo resolvidos. Morar na rua, mendigar, ser assaltado, conviver com ruas de drogados(as) não é normal. Falta-nos políticas públicas reais que permitam soluções práticas. Há muito discurso e pouca prática. Omissão é uma marca da política paulistana. Não cometa o mesmo erro, cidadão e cidadã. Vamos cobrar pois senão nem em nossa casa iremos habitar daqui algum tempo. Acordemos para a realidade. Seus tributos pagos são caríssimos e saem do seu bolso. Você não faz doação para a Prefeitura. É isto.


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