| O caos impera acima da Constituição
Em ilícitos desalinhos de vida opressa
 Que desafia as leis feridas e incertas
 Distorcidas pelo poder em contramão
 
 Por todos os lados, soberba e ambição
 A justa cegueira já não se manifesta
 Diante das instáveis e falsas promessas
 Fugidas de uma ética em dura abolição
 
 Não há direito, nem deveres ou liberdade
 Só existe o medo e a fruição sem pactos
 No hostil reinado da impune inverdade
 
 São acobertados os repugnantes fatos
 Em uma injustiça de irresponsabilidade
 Tão incapaz de conter desumanos atos
 
 O soneto aborda um cenário fictício que propõe levar à reflexão acerca de uma realidade destituída de normas e de regulamentação, induzindo o leitor a compreender subjetivamente a importância do Direito para o bom funcionamento da sociedade. Trata-se, portanto, de um cenário distópico, que busca transmitir os obstáculos da vida humana frente à inexistência das estruturas jurídicas que garantam o bem-estar dos indivíduos e lhes assegure o acesso à justiça. Nos parâmetros de hoje, é impensável uma coletividade sem um ente que ordene as condutas e as relações. Portanto, o poema atenta para os desafios e a inconsistência de um mundo sem leis, de modo intencionalmente crítico e provocativo.
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