A CARTOMANTE.
O ambiente da consulta era sóbrio e muito aconchegante, exalava um aroma agradável que me levava a pensar que aquilo tudo era apenas um sonho.
A decoração era leve composta de uma mesa redonda sobre um tapete persa de muito bom gosto no centro da sala com duas cadeiras uma em frente a outra. No canto da sala havia um aparador decorado com um arranjo de flores frescas com uma variedade de matiz que lhe tornava algo inédito e jamais visto, além de um abajur cuja luz era bem débil.
O adorno local encerra com uma cortina de tecido oriental no tom pastel bem leve e finalizava num aporte próprio para uma ave em liberdade abarrotada de mimos pelas proezas conquistadas.
A Cartomante era filha de ciganos originários da Romênia e nasceu com o dom da vidência. Se chamava Lana, que significa "minha criança", "pedra", "harmonia", luz". Acenou com um gesto que sentasse e disse: já nos conhecemos de longos tempos, não vejo motivo para está aqui a não ser para nos revermos.
Lhe revelei o motivo da consulta ser produto da minha ansiedade e imediatismo quanto ao futuro em querer ver a coisa sempre concretizada. Na verdade, era não saber esperar, era a impaciência. Ela pede que espalme as mãos, analisa de modo bem demorado e diz terás uma vida com tudo que um ser precisa na medida certa.
Tomo a palavra e digo. Gostaria que falasse um pouco do passado? Ela me retrucou, ora isso nós já sabemos. A não ser que queira me testar? Pra que falar de dificuldades superadas se você mesmo me fala de ansiar pelo futuro.
Solicita que parta o tarot cigano e a cada carta que retiro vai relatando os acontecimentos da minha vida por ordem cronológica.
Observei que durante todo esse processo a CORUJA liberta lá do seu poleiro participava da consulta ativamente.
Com o olhar fixo em mim, funcionava como se fosse um aparelho de ecografia e ultrassom. Fazendo uma Ultrassonografia geral de corpo e alma. Sempre que a vidente fala duma previsão ela lá do seu lugar emitia um piado confirmando. Não tinha como aquela cigana errar, como não errou em tudo que previu.
Assim, Eu, Lana e Liberta nos reencontramos.
Vi antecipadamente minha trajetória.
Namastê.
Autor: Jonas Vasconcelos
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