Caminho pelas sombras, onde não parece haver vida
Percebo que não sobrou nada, nem sei o que havia antes
Não tenho certeza, mas poucos mereciam estar aqui
Tenho cuidado com o que falo, por onde ando
Podemos acabar marcados como simples rastros no chão
Agonizando, em meio à nevoa sinistra da madrugada
De joelhos e olhos fechados, faço orações sob a lua
Me despeço daqueles que conheci quando ainda havia luz
Esperando reviver em breve em algum paraíso
Apresentado à vida, orientado pelas ruas
Queria uma família, consegui uma turma
Somente o brilho nos olhos destoa da escuridão
Sabemos que a morte está logo ali
Não somos cegos, porém demoramos para perceber
Que ela já escolheu, quem de nós perderá o brilho nos olhos
Todos estão fugindo, somente um ficou
Ainda está rolando na rua vazia
Não tem ninguém aqui para ajudar
Não entendo isso, por que alguém não aparece?
Acho que ninguém consegue ouvir, enxergar ou sentir
Há somente uma vida encerrada, agora esquecida
E continua esquecida ...
®Valtencir – mai_2021
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