Acima de mim voam pássaros
que cantam nas manhãs.
Acima de mim
e dentro de mim
avultam misérias de vidas,
trapos enfim.
Sou eu.
Agonizando entre
uma morte e outra,
martirizada pela cruz
que escolheu carregar,
massacrada pela sina
que lhe outorgou
o rei do novo mundo,
Sou eu.
Feneço entre
um lenço e outro
do silêncio
e da indiferença.
Falar.
Pecado meu,
- não perdoável -,
fará o futuro
de nós dois.
Decreto do silêncio
desce mansamente
enquanto as horas urdem.
Lástima! Dor!
Se não importam mais
minhas canções,
fecharei minha boca...
calar é tão difícil
quanto falar...
mas como
aprendi a falar,
deverei,
no âmago da dor,
aprender a calar...
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