Não estou sendo negativista.
Estou apenas tentando esquecer.
E para esquecer resvalo
na insensatez dos questionamentos
de quem sou ou quem deixei de ser.
Afinal quem somos nós?
Não sei.
Mal dou cabo de conhecer a mim.
Sei que sou e não sou.
Se sou, sou.
Se não sou, não sou.
Mas devo ser alguém
ou alguma coisa pois
caso contrário nada seria.
Ou você é.
Ou você não é.
Estaria correto
esse pensamento?
Não sei.
Perguntem ao senhor dos tempos,
ao governador de meus dias.
Perguntem ao coveiro
que enterra meus ossos,
que recolhe meus cacos
e pranteia minha morte
cada vez que os homens me matam.
Perguntem ao rei
que me consumiu de ausências
e decretou meu fim
em cantatas feitas
no raiar do dia.
Talvez eu seja alguém.
Mas hoje eu não queria ser.
Queria me perder
em algum buraco fundo
e ali adormecer meus dias
até saber o que vou fazer de mim...
Maria
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