Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
ODE URBANA
Wilson Luques Costa

Resumo:
POESIA

Ode urbana / Cidade dos Bárbaros


Os chafarizes jorrando seus espectros de luzes e de águas semilímpidas
O farmacêutico organizando a prateleira sob o olhar auscultador de seu patrão
O ponto de ônibus ou lotação à espera de um suposto boêmio
Egresso dos balcões encardidos ou expulso dos subterrâneos lupanares
Onde se congrega uma massa ímpar de intendentes moçoilas supostas secretárias bilíngues
Negros brancos amarelos supracores alforriados momentaneamente
De suas senzalas verticais
Assaltos aqui e ali com gritos desafinados
Súplicos que ecoam no vago e esboroam-se em um oleoduto
Que jaz na beira de um córrego qualquer
A linotipo cansada
De meandros sutis e de interessadas e interesseiras
Chantagens alcoviteiras
A luz mercúrio que ilumina o cobertor enlamaçado
Que cobre um mendigo pós-moderno
E um gato siamês defenestrado
Por um vate alucinado
A sombra escondendo-se na plena escuridão
Das madrugadas
Doses cavalares de aminoácidos
E um coquetel estuante de açúcares
Verdadeiras morfinas imensas
Beijos escalafobéticos com penetrações obsessivas
Com obsequiosas condescendências
Que vão da boca e dos lábios lânguidos
Até as coxas quase que putrefatas
De tanto tesão
Onde o plasma escorre
Entre as pernas de meninas punks
Ou nas varizes túrgidas de septuagenários
Que se equilibram à base de loções panacéicas
Importadas das alfândegas
Distraídas dos portos de estivadores
Ou lumpemproletários
Autênticos
Vicários sazonais
Ou pícaros que se desdobram em desfazer
O elogio da preguiça de Lafargue
Genro do antidextro Marx
Verdadeiro bíblico de nossos tempos com seus
Heterortodoxosdissidentes
Sob a neblina densa
Um ônibus hiperlotado
Com penduricalhos humanos
Corta a sonolenta madrugada
A primeira lâmpada se apaga
        à primeira paga ao
Cobrador eletrônico
É manhã todos dormem
Ou acordam ou sacolejam
Lendo revistas amarrotadas
E jornais maculados de
Gelvermelho
Esbugalhados olhos
Com linfas ensanguentadas lacrimejam
Na mansão uma loira oxigenada
Amante de seu segurança
Limpa o esperma de baixa estirpe
Esquiva-se pois para ela
A eugenia deve ser preservada
Os caixas eletrônicos enfileiram-se
Para pagamentos de contas
Ontem postergadas
O sol olha para a lua
A chuva sustém-se
Em forma de nimbogris
Uma gota lânguida respinga no azulejo embolorado
Na praça um menino espreguiça-se
Olhando para uma pipa degradê
No trigésimo andar de um edifício qualquer
Um suicida paulistano
Espana a sua última caixa de Lorax
O eficaz e derradeiro antidepressivo
Destes nossos intermináveis
Dias engarrafados...      


Biografia:
Wilson Luques Costa nasceu em São Paulo, SP, Brasil. Jornalista, professor, poeta e escritor. Eleito pela Academia Internacional de Literatura Brasileira - NY um dos Top Five nos Destaques Literários Awards Focus Brasil NY na Categoria Ensino e Pesquisa com o ensaio O Paradoxo do Zero.
Número de vezes que este texto foi lido: 55587


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Revisitando Szymborsca Wilson Luques Costa
Poesias GATO Wilson Luques Costa
Poesias GATO Wilson Luques Costa
Contos NOSOCÔMIO Wilson Luques Costa
Contos TENDÊNCIA Wilson Luques Costa
Poesias A DÚVIDA SHAKEASPEREANA Wilson Luques Costa
Contos O CINÉFILO Wilson Luques Costa
Poesias Alguns poemas escolhidos Wilson Luques Costa
Contos ALMANAQUE RODÉSIA Wilson Luques Costa

Páginas: Primeira Anterior

Publicações de número 21 até 29 de um total de 29.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
ESCOLHAS - Arnaldo Agria Huss 54 Visitas
Análise de filme sob o viés educacional: - Edilson Fernandes de Freitas 44 Visitas
🔴 Mundo animal - Rafael da Silva Claro 36 Visitas
🔴 Doria e Lula estiveram aqui - Rafael da Silva Claro 29 Visitas
OS SONHOS, A REALIDADE E A VIDA - Arnaldo Agria Huss 6 Visitas
🔴 Nem tudo que reluz é ‘Bola de Ouro’ - Rafael da Silva Claro 1 Visitas

Páginas: Primeira Anterior