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Discurso politicamente correto
Flora Fernweh

Um dos grandes sonhos de Martin Luther King era ver seus filhos julgados por sua personalidade ao invés de sentenciados pela cor de sua pele. No entanto, faz-se cada vez mais presente, o discurso amenizador de termos considerados preconceituosos em razão da carga histórica que carregam. Diferentemente do objetivo de um discurso apaziguador das diferenças entre as minorias e a classe que dita o que é politicamente correto, esse tipo de linguagem não elimina os desafios de aceitar-se em sua condição de gênero, cor de pele, crença ou opção sexual.
     De acordo com a pesquisadora Moira Weigel, o discurso contra o politicamente correto é uma retórica que inviabiliza o debate democrático. É nítida a aplicação do conceito pela ala direitista norte-americana e seus respectivos reflexos na conjuntura atual da política brasileira. Se por um lado, a adequação da linguagem disfarça um discurso de ódio, por outro, atrai seguidores. A compreensão acerca do tema sempre esteve permeada por inúmeros estereótipos, atribuições negativas e prejulgamentos em relação aos grupos envolvidos.
     Diante de uma percepção do outro com base em rótulos, a alternativa politicamente correta propõe a substituição de termos como “negro” por “afrodescendente”, “aleijado” por “deficiente” e “gay” por “homossexual”. A circunstância em que o termo se exprime e sua interpretação, são variáveis que indicam que nem sempre a linguagem se adaptará um viés preconceituoso. Por vezes, pode existir inclusive uma conotação afetiva. Ou seja, a língua não é um instrumento neutro e meramente interpretativo, mas também um mecanismo de ideologia e poder.
     É fundamental que a essência da condição humana prevaleça, quando comparada às diferenças de naturezas diversas presentes em uma sociedade que se encarrega de torná-las brutalmente instauradas, o que conduz o indivíduo à formação de uma identidade que não é propriamente a sua e o torna ainda mais vulnerável. Todos merecem ser tratados com dignidade e terem o direito de assumir aquilo que são sem barreiras e ocultações, pois antes de qualquer coisa, somos todos seres humanos, aliás, humanos que falam “nega maluca” ao invés de “afrodescendente com problemas psicológicos”, é ou não é?


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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