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Re(sem)volta
Flora Fernweh

Perdi o sono, a luta, morri de frio, fiquei sozinha
Não saí da cama, parti minha carne, chorei até de manhã
me sinto improdutiva, perdida, uma letra fora da linha
nasceu em mim o inverno, triste fim de quem não tem lã

Morri de novo quando pensei que viveria
a monotonia me soprou pelos cantos desse quarto
como uma folha leve que jamais encontraria
suas iguais nem se fosse abandonada no mato.

Não quero mais pensar no que existe lá fora
tenho rios em meus olhos e pássaros na voz
um sol não tenho, do resto não lembro agora
oh, como também não queria lembrar de nós

vou me refugiar do mundo enquanto eu puder
não me peça para abrir a janela e olhar para fora
eu não quero ver os filhos da natureza-mulher
diga a ela que não passo de uma breve senhora


Biografia:
Sobre minha pessoa, pouco sei, mas posso dizer que sou aquela que na vida anda só, que faz da escrita sua amante, que desvenda as veredas mais profundas do deserto que nela existe, que transborda suas paixões do modo mais feroz, que nunca está em lugar algum, mas que jamais deixará de ser um mistério a ser desvendado pelas ventanias. 
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