Conforme o filósofo iluminista Voltaire, o preconceito é uma opinião sem conhecimento. De modo análogo, prejulgamentos advindos de vertentes étnicas, regionais, sexuais e raciais persistem no meio social e configuram a linha tênue que distingue o bullying, caracterizado pela intimidação sistemática, do humor saudável, cujo limite consiste em uma premissa para atitudes controversas, contudo, é designado pela consciência em relação à forma como atinge o outro indivíduo.
Segundo dados do UNICEF, o Brasil é o quarto país com o maior índice de práticas relacionadas ao bullying, o que ressalta o impacto das agressões de naturezas diversas, como perseguições, humilhação, comentários pejorativos, danos físicos, materiais e morais. Além disso, a popularização dos meios digitais e preponderantemente das redes sociais, viabilizou o sarcasmo negro, que inúmeras vezes é explorado como recurso verbal, suscitando o cyberbullying. No âmbito jurídico, a legislação atua de modo eficaz, entretanto, a maioria dos casos é silenciosa.
Tanto a vítima quanto o perpetuador das agressões são diretamente afetados pelos malefícios das práticas. Estimativas apontam que cada criança atingida pelo bullying na infância, eleva em quatro vezes as chances de desenvolver distúrbios de ordem psíquica na adolescência, fato que engloba o bullying de modo não-hierarquizado e recorrente em todas as camadas sociais. Envolve inclusive as taxas de desenvolvimento humano de um país, pois o bullying gera desinteresse pelos estudos, influencia a construção de carreira, prejudica as decisões futuras e traumatiza vidas, criando sequelas irreparáveis.
Diante da problemática que o constrangimento representa, dos obstáculos existentes e dos múltiplos setores ligados à complexidade do bullying, é primordial rever pontos da plataforma de apoio "Proteja Brasil" já em trâmite pelo Governo Federal, promover a conscientização dos jovens tendo em vista o papel das escolas, difundir projetos de reinserção daqueles que foram afetados pela exclusão e enfatizar a importância da estrutura familiar na construção coletiva de políticas mais adequadas. Desta forma, através da união e do envolvimento de diversas esferas, torna-se possível o surgimento de melhorias em prol de um meio mais acolhedor, transparente e humano.
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