APOCALIPSE
E o ódio tomou conta de toda a terra.
O mundo que nasceu de um ato de amor hoje é guerra, guerra.
Irmãos contra irmãos, flagelados, com armas, mas sem pão.
Andarilhos de uma terra sem dono, sem Deus estéril.
Terra, mãe devorada pela ferocidade de seus filhos.
Cogumelos malditos a brotarem do chão.
Terra sem diálogo, sem acordo, terra do NÃO.
Crianças famintas somos nós os humanos a sugar o leito
Ensanguentado do nosso torrão, miséria, fome, perdição.
Procissão macabra do juízo final, cães raivosos a gritar “PÃO”.
Nos ombros a metralhadora assassina, na alma a falta de religião.
Saques, fogo poluição. Idéias, vinganças, e no fim, desilusão.
Mataram os animais, mataram florestas e rios, parece ser tudo ilusão.
As lágrimas secaram nas órbitas dos olhos sanguinários, a cegueira tudo dominou.
Filhos que nunca abraçaram pais, irmão que nunca abraçou irmão, já agora gostaria de se abraçar, mas os braços já foram consumidos pela poeira atômica.
Mulheres arrancam do ventre seus filhos, para que monstros não sejam gerados.
De quem é a culpa? De quem apertou os botões! E nós, o que fizemos para impedir?
Nada! Nada vezes nada! O espírito da guerra tomou-nos a todos, fracos que somos.
Corro pela terra deserta, onde estão os sobreviventes? Nos abrigos?
Que abrigos! Foram também sabotados e a bomba matou o seu pai.
Hoje seria um dia especial para mim, preciso encontrar flores para alguém,
flores vermelhas de preferência. Não há mais flores na terra! Parece que nem
gente há, nem terra restará.
Enfim, chego ao que restou do meu lar, procuro minha companheira, como se resto eu fosse de uma raça extinta. Não trago rosas, trago apenas desespero e medos por todos os que viveram aqui.
Eu que queria trazer rosas para minha companheira, chego a tempo de ver uma rosa rubra de sangue, sangue atômico brotar como uma flor do seu peito.
Corro para fora, quero encontrar um cogumelo que me mande para o cosmo, para que não seja eu, o único sobrevivente de uma raça maldita.
Ser classe “A” é cuidar de nossa terra, de nossa gente, cuidar de nós mesmos e de quem está a nosso lado, pois não foi nesse 11 de SETEMBRO que aconteceu o Apocalipse, mas se nada for feito, certamente chegará um dia que a coisa não será apenas um blefe.
Alcenir Latsch 11/08/1999
|