Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
O FRANKENSTEIN ATÔMICO
DIRCEU DETROZ

Acredito que enquanto desenvolviam os princípios da fusão e da fissão nuclear, os cientistas não tinham a noção do que aquilo poderia se transformar no futuro. Nem os criadores da bomba atômica tinham tal noção. Mesmo quando vislumbravam os cogumelos radioativos enfeitando a paisagem dos testes.

Talvez, a ficha começou a cair quando o primeiro teste “oficial” escolheu Hiroshima no Japão de cobaia em 1945. Neste caso havia uma desculpa. Era preciso vencer a guerra. Então os fins justificavam os meios. Mesmo assim, o caminho não permitia mais volta. O Frankenstein vivia. E mais assustador. Ele mantinha a paz.

Só que o coração do Frankenstein não pulsava apenas nos milhares de ogivas nucleares prontas para aniquilar o inimigo e também o planeta. Rapidamente usinas nucleares se espalharam pelo mundo. Diante dos benefícios que tais usinas produziam, se tinha apenas noções teóricas no caso de um acidente. Então aconteceu Chernobyl em 1986.

Todos os anos em 6 de agosto as vítimas de Hiroshima são lembradas. Trinta anos depois, uma série de televisão reacende discussões e rusgas sobre Chernobyl. Os russos acusam a série de estar mentindo sobre os fatos. Diante das mentiras querem criar sua própria série e contar a sua verdade. O que de fato aconteceu em Chernobyl jamais poderá ser contado por uma ficção. Tampouco por uma ideologia.

Não assisti a série, mas estou lendo o livro no qual a ficção teria se baseado. Trata-se de “Vozes de Tchernóbil” da vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2015 Svetlana Aleksiévitch. O livro foi escrito duas décadas após o acidente na Usina. Svetlana entrevista ela mesma, e vários personagens reais que viveram o momento e as consequências dos minutos, horas, dias e anos seguintes àquele horror nuclear.

O primeiro relato do livro é da esposa do bombeiro que estava grávida. Pelo que li nas reportagens da mídia, os dois aparecem na série também. Ficaria viúva duas semanas depois. Segundo o relato, ela sobreviveu porque a radiação passou toda para o feto. A criança nasceu viva, morrendo horas depois. Era simplesmente uma “bola radiativa”.

Como se vivia em plena Guerra Fria eles foram treinados para um ataque nuclear lançado pelo inimigo, no caso os americanos. Quanto as usinas nucleares, o governo afirmava ser tão seguras que poderiam ser construídas em qualquer praça de qualquer cidade. Isto até a madrugada de 25 para 26 de abril de 1986. E espantoso. Aconteceu durante um teste que simulava falta de energia na usina.

Chernobyl é considerado o maior acidente nuclear da história humana tanto em custo como e vítimas. Entretanto, não é o único classificado com nível máximo (7). Tem a companhia de Fukushima no Japão em 2011 durante o tsunami. Coisas da morbidez humana. Com o sucesso da série, o lugar tem sido escolhido para fotos no Instagram.


Biografia:
Sou catarinense, natural da cidade de Rio Negrinho. Minhas colunas são publicadas as sextas-feiras, no Jornal do Povo. Uma atividade sem remuneração.Meus poemas eu publico em alguns sites. Meu e-mail para contato é: dirzz@uol.com.br.
Número de vezes que este texto foi lido: 52838


Outros títulos do mesmo autor

Crônicas Os donos da nossa privacidade DIRCEU DETROZ
Crônicas Da felicidade ao necroceno DIRCEU DETROZ
Poesias DEVORADOS DIRCEU DETROZ
Poesias DESVIOS DIRCEU DETROZ
Crônicas Humanos demais DIRCEU DETROZ
Poesias BANDEJAS DIRCEU DETROZ
Crônicas As araucárias do sul DIRCEU DETROZ
Crônicas As teorias do charuto DIRCEU DETROZ
Poesias TEUS CABELOS DIRCEU DETROZ
Poesias INSÓLITO DIRCEU DETROZ

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 11 até 20 de um total de 1024.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Coisas - Rogério Freitas 54698 Visitas
1 centavo - Roni Fernandes 54607 Visitas
frase 935 - Anderson C. D. de Oliveira 54568 Visitas
Ano Novo com energias renovadas - Isnar Amaral 54396 Visitas
NÃO FIQUE - Gabriel Groke 54358 Visitas
Na caminhada do amor e da caridade - Rosângela Barbosa de Souza 54335 Visitas
saudades de chorar - Rônaldy Lemos 54294 Visitas
PARA ONDE FORAM OS ESPÍRITOS DOS DINOSSAUROS? - Henrique Pompilio de Araujo 54216 Visitas
Amores! - 54172 Visitas
Jazz (ou Música e Tomates) - Sérgio Vale 54139 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última