Hoje te preciso
ó sol do amor possível,
sobre o lençol de linho
que já serviu de cenário
de um amor improvável.
Entra brincando, reluzindo,
pela janela que abre para fora,
a que dá vista para o lago,
eu, afinal, deixei-a aberta,
desde aquele pôr do sol colorido,
quando seguindo pela margem do rio
ardeu dentro de mim uma luz.
Tive uma vontade de chorar...
Ao alcance dos meus olhos,
aos pares, curutiés cantavam.
Oh, não... Por céus!
A mim, este canto...
Ele faz intrigas...
Chora minh'alma.
Não fui justa naquele momento
com os belos e fáceis pássaros
que ali passeando, curiosos,
a olho nu me observavam.
Brilhe sol, para eles,
para os livres,
vôos melhores
são os mergulhados
na brilhante luz do infinito, que é quando o céu vira lar.
Hoje te preciso,
ó sol do amor possível,
acredito eu,
eu o havia entristecido,
eu o observei... eu o li...
no silêncio, no escuro.
Dá-me luz, como antes.
Dá-me luz, linda e intensa,
como antes.
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