Menino,
astuto e livre dentro,
como lhe contou o vento, viu,
em plena noite um homem ir
buscar coragem pra salvar
a totalidade de seu eu.
Os sapatos, ainda não nos pés;
nas mãos, nenhuma luva a limitar,
tentou com o dedo indicador, colocar
no chão um avião.
Um Grifo-de-ruppell se elevou no céu.
Que espetáculo! Ave voadora, plumagem completa, não fica em Acácia não.
E se foi, o meu amigo mais íntimo,
no lombo do Mimo alazão,
pulando o risco de giz,
rompendo a dura corrente do destino. Sonhar é preciso, e é o que se quer.
E nascia o sol, e punha-se o sol,
e voltava ao seu esconderijo,
de onde surgia.
E o vento ia para o sul
e fazia o seu giro para o norte, perenemente ia circulando o vento,
e retornava fazendo os seus intentos.
E a capa espanhola do garoto
que podia voar fluia ao vento mar.
No sol, no céu, no ar,
não tinha onde agarrar-se,
não tinha onde firmar-se. Coragem!
E a face da liberdade a cada novo amanhecer refletia um brilho diferente: transparente abaixo do sol,
transparente na claridade da lua.
Daria meus olhos para ver,
a mirar-se no espelho d'água, o belo ser.
O que foi, coração, o que foi?
Uma lágrima?
Nada não.
Do pensamento são fluiu uma ternura, clamando por introspecção e partilha.
Sim! A verdadeira liberdade é sentir-se por inteiro.
Consciente de si mesmo em sua inteireza, voltou a ser de repente, no lombo do alazão a encarnação de todas as coisas puras.
Que momento mais singular!
Sê corajoso, menino querubim: porta-te como um homem diante do Deus que quis ser menino.
|