Hoje tentei encontrar um marco.
Resolvi sair,
buscar com esperança.
Pois na minha santa ignorância:
Coisa boa iria achar.
Pura fantasia ao primeiro olhar
naquele monumento.
Um ar de espanto,
vou te confessar.
Tomou conta de mim
naquele momento.
A Cabanagem
estava ali tão presente;
mas apagada
bem à minha frente,
se recente de atenção,
para não chorar.
Segui
pela estrada do trem.
Seguindo mais além
o caminho da história.
Um pouco da memória
na próxima estação.
Praça da leitura
sei que iria encontrar.
Na chegada
qual minha surpresa
estava por lá.
O Chapéu do Barata.
Confesso fiquei estático.
Ao ver
o interventor do Pará
tomado pelo descaso;
num espaço
nobre da capital.
Com tanta podridão
que exalava,
abandonado.
Servindo como morada
àqueles moribundos;
sem identidade,
sem noção.
Juro!
Cheguei a passar mal nesta cidade.
Seguindo mais adiante;
o mercado de São Braz .
Com traços arquitetônicos
e influência europeia.
Um passado rico,
hoje tristonho.
A fachada coitada;
pichada,
abandonada,
deteriorada.
Das três lindas peças de Floriano;
inspiradas em elementos neoclássicos.
Resta apenas um vazio negro
do descaso clássico .
À sua frente
o cidadão Lauro Sodré
se assustava;
pensativo,
sentado,
meditando.
Não aguentava mais.
Ao líder republicano
lhe perguntava:
o que estás a pensar ?,
guardava naquela hora
a pergunta que o fez calar.
Caminhando cabisbaixo;
as lágrimas
molhavam a tristeza.
Para não chorar.
Continuei a caminhada
pela antiga estrada.
Passando por Plácido
em Nazaré.
Andando mais um pouco à pé.
Encontrei com Waldemar.
Vi
o quanto estava entristecido
naquele espaço fétido,
mal cuidado
e esquecido.
Ao som do silêncio,
abatido sem dó,
ré mi, fá, sol, lá, si,
se pondo a chorar.
Na pedra do peixe
em frente ao guajará.
Na feira popular do açaí.
Ver o peso da memória;
tanto descaso com a história.
De um pouco que ainda resta
para contar .
À futura geração
um dia poder admirar;
nunca esperei encontrar.
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