O precipício chora seus mortos,
O dia usa do canivete para cortas nuvens
Enquanto o povo percebe o coral
Que canta em silêncio
E se observa na cauda dos cometas, o riso...
Há nos confins dos arrabaldes
O canto alucinógeno da plebe.
Já não há canteiros que gritem,
Embora a vida plagie os sonhos
Não sonhados das gaivotas,
Isso diante das procelas que gemem
E sufocam os mares que, constrangidos,
Aprisionam os torvelinhos
Desnudos da madrugada.
Plantas rasteiras são restingas do tempo
Que oscila em todos os pontos cardeais
E nos contos frenéticos dos segundos
Há uma atmosfera ainda virgem
Que, sequiosa de tanto beber
Do vinho da indecência clássica,
Contrapõe com lascivas lamentações,
O enredo bipolar das horas atônitas.
Na areia úmida das margens dos riachos
Há cachoeiras que derramam suas águas
Nos porões enciclopédicos do saber,
Então a ciência desprovida de verdades,
Conspira contra a realidade do universo,
Pondo abaixo teorias formuladas de soslaio,
Devassa hipnose de um mundo ascético!
DE Ivan de Oliveira Melo
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Biografia: Nascido em Recife, em 09/10/1953. Professor de língua portuguesa e literatura. Poeta desde adolescente. Livros publicados: SINFONIA DE AMOR; POESIA, AMOR E VIDA; REFLEXOS; SEARA DE RITMOS; SO...NETANDO.Temas mais comuns em seus versos: o amor, a natureza, o homem, o socia, o cosmos, o metafísico,
religiosidade... |