EU; BRUMADINHO |
BENEDITO JOSÉ CARDOSO |
Hoje
tentei chorar
Mas
quando vi a televisão
As lágrimas
que eu deveria lacrimejar .
Estavam ali
bem à minha frente
Mariana
Ainda se ressentia
E via novamente
O mar e o levante
Arrastar vidas
Pessoas inocentes
A barragem sucumbiu
E destruiu lares e famílias
Ninguém viu ou ouviu
O soar do alerta
A única coisa que se viu
Foi Brumadinho
Brumadinho se transformar
Se transformar e chorar
Num mar
de lamas e de mortes
Arrastadas,
afogadas no turbilhão
Vidas inocentes
sem razão
Encobertas pelo cifrão
Da barragem
Do minério
Que salta aos olhos
O que Vale
São vidas
Sob o mar do minério
E eu aqui
Sob o mar do mistério
Querendo entender
O minério ofuscou
O choro
Deste ser
Apenas um cisco
Lavado
Pelo colírio da dor
Que não me fez ver
As imagens do suplício
Da morte que restou
|
Biografia: "As obras do artista só têm valor, quando consegue atingir a sensibilidade daqueles que entendem" |
Número de vezes que este texto foi lido: 59421 |
Outros títulos do mesmo autor
Publicações de número 21 até 30 de um total de 170.
|