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Se até a morte vive da vida em que prossegue o destino,
quem sou eu para deslocar os ponteiros do relógio do universo,
se à vida o que vale é ser sempre aquele infante e caprino menino,
e todos os meninos do mundo no viver eterno estão imersos?
Ouça o sol cantar seus raios e veja a música que chove sobre nós,
estenda a mão e apanhe o arado e are e plante e colha o que semeou;
quando cansado estiveres e deitar teu corpo em tua cama, ouça a voz
que te nina e que te acordará na manhã seguinte com a voz do amor...
Ainda que criem feras que rondem as cercas ruidosas dos castelos,
que tragam o aço como elmo e furiosa espada de orgulho e posse feita,
olhe ao redor e os olhares dos verdadeiros meninos ainda são tão belos,
deem as mãos e tornem forte a energia que nasce
e até quando o sol se deita...
Se mil passos te foram dados para usares em montanhas e à beira-mar,
ande como ave e tartaruga e elefante e elegante girafa
e saiba que quem fia cada tecido de vida desde os primeiros olhares
até o poderoso amar é o menino que mora além-céu
e que cobre o mundo com seu manto de poesia...
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