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Cuida com zelo e calma de tua terra...
Acorda cedo e te abras aos mundos
que te rodeiam...
Cada um deles é parte de ti como também
és parte de cada um deles...
Compreenda as árvores, que te dão sombra e frutos,
e por ti respiram antes que tu soubesses como respirar...
Anda com teu cão pelos campos de estradas e espinhos
e aprendas a farejar e assim sentir o perfume que te invade;
a limpar o chão que não recebe da educação humana a higiene...
Quando te sentas à mesa com os teus saiba que o peixe
que te será o alimento necessário à tua saúde veio da água
que corre e que é tua obrigação que esteja limpa e sadia;
que mais que limpá-la, é cuidar para que a educação
chegue a todos e que todos espiem o rio a correr
com os olhos, sem infecções interiores...
Que dentro do homem está a nascente do bem ou do mal...
Faça com que os teus e os outros escutem as vozes dos poetas,
aqueles que conhecem o movimento das coisas e falam por elas,
que perscrutam como periscópios dentro da escuridão
dos pensamentos, reagem às sombras como fachos de luz,
interrompem a ignorância natural com a alta sabedoria da simplicidade e, mesmo que herméticos, possuem a chave por onde se entra e se sai, segredo dos versos...
Teça, com as mãos que bordou nomes na renda divina
da imaginação física, o caminho para pés cansados que labutam
e aram em busca da colheita que fará com que o homem
não se prive e se farte com os grãos e a chuva,
erga a invisível mansarda para que lá more o espírito
que nunca deixou de existir, faça com que o passado passe
a morar com o presente na real tentativa de trazer um futuro
sem rancores e limpo da maquiagem do tempo humano...
Seja o sócio equitativo nesta grande empresa chamada vida,
com lucros e obrigações iguais, com teu nome escrito na ata
dos acontecimentos;
que tua mão esquerda dê o pão e a direita espalhe
migalhas aos pombos,
que voam sem mãos e recolhem a fartura de tua bondade;
quando olhares o fruto que pende da árvore e o veres verde,
saiba que teu coração amadurecerá junto,
que és o que planta e colhe,
o que move o sarilho e o que recolhe
o que vem de dentro da terra,
o que olha a linha do horizonte o sol
que te possui e que cobre
cada minúsculo ponto que a ciência vasculha
em busca da resposta
que é a pergunta que cabe à todos nós:
como ser e estar com todas
as coisas sem sair do lugar?
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