Quando tiro a tampa
olho e lá dentro mora o vento
revolto que muito me encanta
sem os ponteiros do velho tempo...

Quando lá dentro enxergo no escuro
deixo-me levar pelas circunstâncias
e como um fauno salto sobre o muro
da velhice da minha infância...

Quando descubro parte do que sou
descrevo os traços da minha alma
e muito do que tenho a todos dou
com a leveza de quem sabe a calma...

Descoberta feita saio ao mundo
sem cobrar e sem pagar adiantado
e mais que isso de um jeito profundo
sem o menor receio de cometer pecados...

Assim tem sido e assim sei que será
quando dou corda ao meu coração
e ele mergulha no primeiro mar
sem sequer usar as mãos....

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