Sempre leve um guarda-chuva
Fato Verídico. Estados Unidos. Orlando. Primavera. Abril. Tornado.
De tempos em tempos, os meios de comunicação são invadidos com notícias de inúmeros fenômenos naturais como furacões, tornados, terremotos e até tsunamis.
Nesse momento, por exemplo, o furacão Florence promete inundações e devastação em três estados americanos, mesmo tendo sido rebaixado para categoria 2 que, nada mais, nada menos, representa ventos na ordem de 160km/hora.
E como dois mais dois são quatro, dependendo da situação, dar de frente com um desses fenômenos pode atrapalhar os planos de qualquer pessoa.
Orlando, assim como nos outros dias daquele mês de abril, tinha amanhecido quente, mas, trazia um certo abafamento no ar que prenunciava chuva o que, para nós (eu, mãe e filha), não seria um grande problema, pois, após alguns dias curtindo os parques da cidade, resolvemos relaxar fazendo algumas comprinhas.
Pela internet achei a loja que queria e o trajeto mais curto que compreendia, basicamente, passar por fora da cidade e, depois de um mero cruzamento, voltar ao trânsito normal de Orlando o que, na prática, foi tudo isso, precisando somente fazer um retorno sobre um viaduto, momento em que vimos ao longe que o céu estava escuro e com raios, nos fazendo sentir em casa, já que Curitiba é bem conhecida por esse tipo de clima.
Em menos de 2 minutos, estacionamos no shopping em que a loja ficava e começou a pingar. Minha mãe, no alto da sua experiência já se agarrou ao guarda-chuva defendendo sua utilidade na saída da loja, pensamento super compreensível, já que é um instrumento curitibano de primeira necessidade...
Lá dentro, após algumas voltas e aquela empolgação com uma cotação quase parelha de US$1:R$1, fomos até um vendedor pedir informações sobre os produtos que tínhamos interesse, momento em que este, sem terminar a primeira resposta, consultou seu celular e começou a dizer assustado: _Tornado! Tornado!
Oi!? Como assim!? Oi!? Oi!? Como assim Tornado!?
Sem entender direito o que estava acontecendo, e de olhos esbugalhados vimos, então, a porta da loja explodir no vai e vem da ventania, como se fossem folhas de papel e, contrariamente, ao que qualquer pessoa sã possa imaginar, a maioria das pessoas correu para ver o que estava acontecendo lá fora.
Eu, num ato instintivo e tentando não entrar em pânico, enquanto pegava a mão da minha filha trazendo-a para perto, olhava para o teto analisando sua integridade e para a minha mãe que estava cerca de 20 metros de distância, caso precisasse buscar o corpo no meio dos escombros...
Quando o prédio se mostrou seguro, apesar da chiadeira que mais pareciam uivos lamentando o ocorrido, também nos dirigimos para a porta, onde pudemos ver as palmeiras do estacionamento chicoteando o ar e tentando se manter firmes dada a velocidade do vento que as atingia; as placas de sinalização no estacionamento em frente dançando 360°, para lá e para cá, no seu eixo, sem contar os carros estacionados que pareciam que seriam arrastados de seus lugares...
Passada toda aquela situação que não durou mais que dez minutos no total, mas, elevou a adrenalina nas alturas, o que sobrou foram os burburinhos no interior da loja comentando o ocorrido e certamente agradecimentos ao altíssimo em razão de nada ter acontecido conosco naquela oportunidade, em especial, por podermos dar continuidade ao nosso sonho americano de compras...
Lá fora, tudo o que vimos e escutamos a partir dali foi destruição, inclusive, entre outros brasileiros que também se viram em situações complicadas, principalmente, aqueles que estavam no trânsito no momento do fenômeno e tiveram seus carros arrastados pelo vento e chuva.
Em resumo, para morrer basta estar vivo, mas, na dúvida, sempre leve um guarda-chuva.
Fato Verídico. Estados Unidos. Orlando. Primavera. Abril. Tornado.
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