*Por Antônio F. Bispo
Esse mês, você vai dar um duro danado para produzir bens ou serviços uteis a sociedade como um todo, enquanto alguns que vivem apenas do oficio de falar em nome do invisível vai faturar 10% em cima do trabalho de dezenas de pessoas sem nada fazer, apenas por possuírem algum título eclesiástico conquistado ou auto intitulado.
Esse mês, alguns de vocês irão acordar cedo, pegar 3 ou 4 ônibus durante o dia, enfrentar filas enormes no transito, em bancos, supermercados, engarrafamento, subir morro ou descer morro, enfrentar as duras realidades do dia a dia para se auto sustentar e pagar pesadas cargas tributárias enquanto alguns outros, os que vivem somente da função de “ministrar” a palavra de deus, cujo “árduo trabalho” seja somente ler dois ou 3 versículos num livro dito sagrado e matutar como vai transmitir isso ao povo como se fosse pão quentinho dos céus, essa mesma pessoa como todo esse “trabalhão” poderá faturar entre 5 até 150 vezes mais do que você sem nem se quer sair de casa, sem pagar impostos, sem correr os riscos que você corre, vivendo num mundo de fantasia criado por eles mesmos!
Outros de vocês, junto com seus advogados, que estão envolvidos realmente em ação judiciais por causas justas, irão correr anos a fios, em audiências em tribunais, gastando tempo, dinheiro, paciência, recursos...e quando a causa ou a indenização que vocês tanto lutam sair, alguém que certamente não moveu uma palha sequer para que isso viesse acontecer vai ficar com 10% dessa causa sem esforço algum. Na maioria dos casos quem sabe, sua família vai contestar quando você separar para pagamento o valor referente aos honorários combinados anteriormente com o seu advogado. Possa ser até que vão ligar para este, fazendo barraco, questionando o valor previamente acordado, irão fazer biquinho, ou quem sabe irão pagar o que combinaram de cara feia como se não fosse justo depois de tanto esforço e investimento do magistrado no aperfeiçoamento de suas funções para lhe servir. Quem sabe até chame tal advogado de ladrão depois, apesar de todo o esforço que ele fez pleiteando por sua causa. Mas os 10% do “ungido” do senhor estar garantido, mesmo sem este fazer esforço algum, e certamente sua família nada dirá, vai concordar que você pague esse valor para serem mais “abençoados”.
No final do mês, conjugues de esposas crentes, poderão quem sabe ter valores subtraídos de suas carteiras ou reservas financeiras. Suas esposas dirão que tal valor foi para ir ao salão, para ir ao médico ou que pagou uma conta extra em casa. Mas na verdade foi para “o senhor” que esse dinheiro foi desviado. O medo da maldição no lar ou a ganancia de ter seus rendimentos familiares aumentados como se fosse um jogo de azar levou essa “pobre fiel” a cometer tal ilicitude. Deus entende e deus perdoa essa atitude, amém? Afinal o dinheiro foi pra ele, não foi? Na verdade dizem que ele ama e aumenta sua recompensa quando envolve riscos e sacrifícios nas transações comerciais feitas com ele. Abrão e Jacó são prova disso, é o que dizem!
No final do mês, suas contas pessoais ou da empresa poderão esperar. A prestação da loja que você comprou também! Seu fornecedor de gás, água ou eletricidade também podem esperar. Sua babá, seu funcionário, o cara que concertou seu veículo, o cobrador “chato” da prestação que você comprou quando passou na sua porta...todos eles podem esperar, mas os 10% “do senhor” estar garantido, senão....
Que mundo cruel não? Como a sociedade é injusta, não é? Uns fazem tanto e tem pouco retorno, outros nada fazem e ficam com um percentual de tudo que outros produzem! Tem sido assim desde que se inventaram os deuses.
É culpa do capitalismo? Do socialismo? Da direita? Da esquerda? Do diabo? Dos políticos? De forças cósmicas maléficas que comandam o universo...? Não! Na maioria dos casos é uma mistura de burrice com vigarice; de tradições culturais de outros povos + medo de questionar os argumentos da própria fé; de medo de ser amaldiçoado pelo cara lá de cima se faltar com a parte dele como se ele fosse um agiota ou líder miliciano + o medo de sofrer repressão em público por parte do “ungido do senhor” caso você não banque suas despesas e seus sonhos de grandeza; do medo de ser pisoteado e esquecido por uma hierarquia de homens e mulheres que agem como se trabalhassem para algum mafioso barra pesada, cobrando dividendos, extorquindo os produtores, e fazendo duras ameaças a todos os que ameaçam ruir seu império quando fazem uso da arma mais poderosa das armas: a arte de questionar!
Tudo isso tem um nome diferente entre eles que presumem resumir tudo o que citei. Eles chamam isso de temor ao senhor e obediência a sua palavra! “O temor ao senhor é o princípio da sabedoria”. É o que dizem! Quem sabe essa frase tenha sentido inverso! Quem sabe estejam se referindo a outros tipos de senhores! Quem sabe os que costumam agir assim sejam apenas criaturas amedrontadas, robotizadas, seguindo supostamente comandos de seres metafísicos invencionados na idade do bronze, numa região onde milhares de outros deuses semelhantes também eram venerados.
Se pela falta de um grito se perde uma manada (linguagem de fazendeiro), pela falta de raciocínio se constrói um reino de tiranias, vigarices, subserviência e ilusões vendidas a todo preço, tipo e gosto. E todos os envolvidos nesse nível de mentalidade dirão amém!
A mentalidade de escravo estar tão impregnada na maioria das culturas, que as pessoas não percebem quantos termos e ações cotidianas estão voltados à manter esse tipo de mal funcionando, fazendo com que certas ações que pareçam simples e inofensivas sejam entraves para a uma verdadeira evolução social de modo geral. A relação de troca e submissão com os seres metafísicos do imaginário coletivo é uma delas. A principal de todas elas quem sabe.
Esse “simples” gesto desencadeia uma série de outros fatores que faz com que as mazelas e injustiças sociais cresçam de forma gigantesca e faz com que cometamos atos insanos todos os dias sem nem se quer nos darmos conta. Desprezamos o divino (nossos semelhantes) e sacralizamos coisa e ideias banais e inúteis só por que alguém o disse.
Por exemplo: se um menino de rua, um pedinte, ou simplesmente uma pessoa que estar desempregada ou passando por momentos financeiros difíceis te pedir um pão, água, roupa ou favor apenas uma vez possa ser que você o conceda. Mas se te pedires mais de duas vezes você ficara chateado. Você vai ficar bravo por ter dado apenas um pouco de alimento por mais de uma vezes aquela mesma pessoa. Vá trabalhar! O governo não estar vendo isso não? Que coisa...Certamente é isso que você dirá! Porém, na igreja o cara pede 10% do seu faturamento todo mês e você acha isso normal, nunca se aborrece, nunca se irrita, nunca manda ele ir trabalhar, chama ele de santo, dar até 100 vezes mais do que daria a uma pessoa realmente necessitada e faz isso com alegria e ainda em certos casos faz carinha de emoji, todo feliz em saber que o “omi di deus” tem do bom e do melhor, provando que realmente existe “prosperidade de deus na terra” para os que servem a deus! Oh glorías! Aleluias irmão! Deus é fiel!
Façam me um favor...! Qual o nome desse tipo de atitude? Burrice! Hipocrisia! Vontade de aparecer em público! Medo de ser castigado...? A pessoa Fica chateado quando alguém que realmente precisa pede algo mais de uma vez, mas dar de bom grado um percentual de seu faturamento todo mês pra quem nada fez ou precisa? Dá vontade de dizer umas boas ao hipócritas de plantão, que nesse exato momento já estão com suas respostas automática na ponta da língua, prontas a dizer de forma robótica: “mas é mandamento bíblico, não posso fazer nada...”
Se alguém ficar desempregado e de repente começa produzir artesanato simples para vender em praças públicas, nos ônibus, semáforos ou pontos estratégicos, executando tal serviço para não ser pesado a quem quer que seja, logo muita gente começa ficar incomodado, chamar de vagabundo, pedir para que ele se retire dali, que vá para outro local...De repente vem até algum funcionário público com ares de justiceiro e como se tivesse combatendo um super vilão apreende a mercadoria do sujeito, ridiculariza-o em público, ou lhe aplica uma multa enorme por incomodar a ordem pública, por vender produtos sem notas fiscais ou por associá-lo a charlatanismos.
Agora ninguém se incomoda quando homens engravatados, bem vestidos, endinheirados e na maioria dos casos mal intencionados vendem todos os dias objetos simples, por um valor absurdos como se fossem coisas sagradas nas ditas casas de deus. Nenhum funcionário do governo vai apreender suas mercadorias, nem exigir nota fiscal, nem acusa-lo de charlatanismo nem humilha-lo em público.
Se você comprar uma caneta por 50 centavos e vender por 1 real num ônibus, numa esquina ou em praça pública sem emitir nota fiscal é considerado crime se não tiver devidamente legalizado pelo estado, se não tiver nota fiscal. Se você comprar a mesma caneta por 50 centavos e vende-la por 50 reais numa igreja, ai não será considerado crime, será motivos de honras e glórias para o nome do senhor! Aleluias! Deus seja louvado! Você apenas inventa que quem comprar essa simples caneta será grandemente abençoado por deus bem como sua família, seu gatinho, seu cachorrinho, por que estar ajudando a “obra do senhor”. Amém irmão? Pensei que a obra do senhor fosse pessoas, e não paredes e bancos de igrejas...
A mesma caneta sendo vendida. Dois julgamentos diferentes atribuídos aos mesmos comerciantes. Um será penalizado pelo estado e pelas pessoas de modo geral. Outro será exaltado, glorificado, dignificado e tido como exemplo de moralidade humana, mesmo sem tirar nota fiscal, mesmo sem ter autorização comercial para esse propósito, mesmo sem sofrer humilhações públicas e ainda pagar de herói...
Viu como é bom servir a deus e vender bugigangas sagradas? Faça isso também para se dar bem na vida e sofrer menos impropérios! Você lesa o estado, faz lavagem de dinheiro, superfatura objetos simples para vender por valores absurdos, tira o pão da boca de muitas crianças, vende coisas inúteis ao povo como se fossem sagradas, prejudica a economia local por reter valores sem produzir bens ou serviços à população e ainda pode conseguir uma cadeira na câmara, no senado ou no congresso!
É muita benção irmão! Dá vontade de falar em mistério...Só que não! Dá vontade mesmo é de pregar outras 95 teses na porta das igrejas para tentar acordar o povo, mas seria inútil! O “povo de deus”, a maioria deles não gostam de ler, ou já entram de cabeça baixa na “casa de deus” como sinal de rendição sinal de escravidão e nem sequer leriam o que estar escrito.
Aliás, tem igrejas atuais que nem portas tem mais, pois funcionam 24hs por dia, a todo vapor como uma grande posto comercial com turnos de “funcionários” diferentes que nem precisam mais de portas já que vivem abertas o tempo inteiro! Nem daria para colar tese alguma nesses igrejas.
Os traços de nossas relações com os deuses são refletidos em todos os cantos sociais. Cada gesto, cada ação coletiva ou isolada, cada lei criada ou aprovada no congresso, o que comemos, vestimos, o que usamos, nossas festividades...tudo estar impregnado por essa ou aquela ideia de divindade dessa ou daquela cultura do passado ou do presente.
Desse modo, em nossas relações sociais em quase tudo existe um ar de hipocrisia, de falta de raciocínio, de injustiça, de desamor, de involução social. Livremo-nos da ideia de que realmente os deuses precisam de algo nosso e tudo mudará! Nem louvor, nem adoração nem dizimo nem tributo algum. Os deuses de nada precisam pois de tudo já são fartos, são eternos, imortais, incorpóreos, surreais...
Ponham o homem, a ideia de sociedade no centro, ocupando o motivo de nossas reais preocupações e motivos de esforços e poderíamos evoluir 500 anos em apenas 5. Um grande pensador sozinho faz em apenas 2 horas de discursos, o que dezenas de outros deuses juntos não fizeram em milhares de anos com toda seu poderio. Apenas um questionamento é capaz de mudar o rumo de toda uma sociedade. Os deuses nos deixam em estado de letargia eterna.
Enquanto houver deuses e seus representantes sugando parte de tudo aquilo que produzimos, as peças do “tabuleiro social” estará sempre faltando. Como em uma gangorra, precisamos de equilíbrio uns dos outros para mantermos estável todo e qualquer agrupamento humano. Os que usurpam parte dos recursos sociais para fins pessoais em nome do sagrado faz essa gangorra desequilibrar e as mazelas humanas se eternizarem. São bandidos que pagam de mocinhos os que vivem apenas dos recursos ofertados aos deuses sem nada de útil produzir.
Em certos casos, os que se oferecem como aqueles que irão reduzir os males da humanidade, são exatamente os que os perpetuam. Sem a ideia de pecado, de um deus irado castigando tudo, de um deus milionário que é dono de tudo e ao mesmo tempo é pobretão, que precisa do seu dinheiro, essa ideia de deus no mundo ocidental seria nula, para nada serviria. Tem de haver conflito em tudo, principalmente na ideia de deus para deus continuar existindo.
Sem o diabo e sem as mazelas do mundo nenhum líder religioso conseguiria “vender seu peixe”. Eles precisam da desordem, do caos, das dúvidas e das confusões que causam na cabeça dos próprios seguidores para continuarem reinando por outros milhares de anos. A ideia da volta de jesus jamais seria tão comercializada numa sociedade organizada e bem estruturada. Quanto maior for o caos, por maior valor a ideia do sagrado será comercializada.
O conhecimento, a razão, a lógica, a ordem, a ciência e as estruturas sociais fortalecidas levam qualquer sistema religioso a falência. Tomem como base países que se consideram de maioria ateístas. Ao invés das mazelas humanas aumentarem, elas estão diminuindo, a qualidade de vida das pessoas aumentando, presídios sendo fechados aos montões e quase não se fala em violência, corrupção e insegurança.
Porém nas nações países em que cujo deus é o senhor...
Como dizia um certo pensador que admiro: “ACORDA MACHO”, PQP, com tanta insanidade!
Saúde e sanidade a todos!
Texto escrito em 10/4/18
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