Você vê com que beleza a mão toca a outra,
se enlaçam e desfazem a escuridão dos sentidos,
como fossem o bruto caroço e a doce polpa,
o desfalecer das moléculas do duro vidro?
Você sente como o mar te chama a navegar,
nauta que fostes no ventre marítimo da mãe tua,
lançar-se à tormentas e de arpão pescar,
dorso queimado de sol acariciado pela lua?
Algo que não vemos se move diante do olhar,
algo que não tocamos está diante de nós,
algo que não respiramos vem do mais alto altar,
algo que não murmuramos está dentro de nossa voz...
Você sente que teus pés pedem estradas,
caminhos que só tua força será capaz de vencer,
que o descanso só virá depois de cada batalha,
que a descrença será vencida quando começares a crer?
Você se percebe um tom da celeste criação infinita,
que se dobra e se verga à constituição de homens vãos,
que dentro de si uma voz mais alto soa, canta e grita,
que só haveremos de distribuir amor com nosso coração?
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