Trinco as tuas orelhas
Risco as tuas pernas
Acaricio a tua bunda
Nossos corpos nus se fundem
Há mistura de calores
Desejos apressados
Cheiros e vontades
Famintos, ansiosos
E essa fome conquistadora
Da carência nos lábios
De carne a algodão
Tira a forma do descanso
Está no ar o desconforto
Mexes-te de forma louca
Como quem perdeu os travões
A segundos de um abismo
É a foda
Ou pelo menos o apetite dela
Rebolas, comichão
Arrepios, tuas unhas portaminas
Tu desenhas, com apertos, erecção
E imprimes do teu corpo
Leveza, que culmina com a ejaculação
Lambo-te os ouvidos
Desvio as tuas argolas
Cavalga, comandante
Teus seios desenvolvidos
Seguram-me no teu corpo
Enfiados na minha boca
Alimentas-me por cima
Cá em baixo o teu traseiro
Aperto forte, desnorteado
Sinto-me distante
Perdido no odor do teu templo
Na minha pele, almirante
Às ordens!
Navegamos pelos mares da fragrância
O mistério do prazer
As ondas revoltadas
O derrame do sémen
Prego na madeira
Perfuração, batidas
Comida aos bocados
Gritos amenos, choros mudos
Vem ter connosco a sede
Atiramo-nos ao chão
Agarro firme o teu pescoço
Trespasso a tua vagina
Até sentir estalar teus ossos
Abraçamo-nos
Conversamos sobre tudo e nada
Apoiados às almofadas
A flutuar em doçuras:
Meu chocolate na tua boca de baixo não se desgasta
Chupo teu pirolito e a doação se alastra
Rachamos o chão bruto
Entramos e saímos
Num ao outro sem licença
Enterramo-nos vivos
Na janela o vento sopra
Eu em ti feito fome
Entrelaçados nossos dedos
O sexo não dorme
Sem intervalos, conectados
Saltamos pro cadeirão
Cedes à pressão
Prendes-me, deixas-me ficar
E a noite continua
Chove amor, escorre mar.
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