Vida minha
Sem sentido
Vida triste
Morte lenta na corrida

Gotas de lâmpadas desfilam na passarela de apagões
Os fogões escondem pães invadidos por baratas
Mulheres amam-me sem motivo convincente
Não amo ninguém

Sou uma pessoa em cada lugar em que me encontro
Novos ares exigem costume, prática diária
Fico stressado com viagens mal planeadas
Ah! Que seca!
Que dor!
O peso das malas

Pastas carregadas com livros
Armários e sacolas com lençóis
Toalhas e capuz, peúgas e calções de reserva
Camisas que a preguiça há-de engomar

Não mudou nada
Entre cá e lá
A diferença é igual
Ainda vivo sozinho

Novamente sem amigos
Nem pessoas na morada ao lado

As janelas dizem-me algo diferente
Mais degraus por subir, mais silêncio para pensar para frente

Mais aborrecimento para aturar
Menos pessoas preocupadas
Chamadas por atender
Um lugar estranho onde preciso morar
E demorar
Cidade abandonada
De papel chinês
Construída para iludir a visão do pobre
E engolir dinheiro quase que de graça

Faltam coisas
Mas quem sabe a diversão me bata as portas
E ainda valha a pena estar aqui!...

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