Não adianta ver só o lado bonito de tudo. A busca pela beleza está na qualidade de vida, para fazer parte do nosso cotidiano. Não podemos valorizar apenas o sucesso, porque o fracasso também nos fortalece e com ele crescemos e aprendemos a lidar com as emoções. Getúlio Zauza reflete, “Eu sei! Até posso compreender / como a beleza nos seduz, / mas o que queria apenas saber / o que farás quando apagar sua luz? //... Eu não sei o que dizer / Para quem ganhou beleza. / Mas pergunto: o que vais fazer / Se a idade te inundar a Alma de tristeza”.
A verdadeira beleza é percebida através do olhar, das atitudes diante de uma situação ruim, o que até pode ajudar a diminuir o tamanho do problema.
A beleza está na nossa maneira de ser, em harmonia com o pensamento, porque as decisões só são tomadas quando cumprimos as tarefas rotineiras, como ações necessárias.
A busca pela beleza é se encontrar com os amigos, conversar e se interessar pelo outro; através dos contatos com as pessoas é que adquirimos novas informações e tornamos relativas as nossas verdades, para ver a vida de outros ângulos, como escreveu Craci Dinarte, “Cansei de ir e vir. / ...Quero um simples amigo, / capaz de partilhar comigo / das belezas da vida, / como andar juntos numa tarde de primavera, / ouvir lindas melodias, / sentir a carícia da mão...”
A beleza está no sorriso que concede a paz em nossas vidas; é enriquecedor, faz bem aos sentidos, porque é nosso aliado.
A busca pela beleza é encontrada na arte, como forma de reconhecermos os livros, filmes, quadros; na música, dança e poesia. É beleza inspiradora que ao se doar, enriquece nossas vidas. O poeta W.J. Solha “...Se pergunta se sabe quando um poema está a se tornar maneirista ou – pretendendo grande valor / estético – a se fazer hermético, / ou, / de grandioso, / passa a se tornar / pomposo!...”
A beleza é revelada quando estamos envolvidos com a rotina e nem percebemos os ruídos do dia, mas, admiramos a chuva e o sol e lembramos o nome do vizinho e do colega.
A beleza está na simplicidade do gesto traduzido em carinho, atenção e amor, como elemento de humanidade. Segundo Pedro Du Bois, “Ao se ver no espelho / por inteiro / a mulher mais linda / do mundo / soube pela imagem / refletida / ao contrário / sobre o dia futuro / em que os espelhos seriam cobertos / na indelicadeza com que os dias / passados / atravessam os vidros / e se instalam / em quem se olha”.
A busca da beleza está em reconhecer que a aparência pessoal é questão de consciência. O xis da questão é que se sentir bonito significa enxergar além da imagem refletida no espelho; equilibrar e enriquecer culturalmente a vida. É resgatar o bom senso para nos sentirmos felizes e desafiar o conceito hedonista da beleza.
|
Biografia: Pedagoga. Articulista e cronista. Textos publicados em sites e blogs.Participante e colaboradora do Projeto Passo Fundo. Autora dos livros: Amantes nas Entrelinhas, O Exercício das Vozes, Autópsia do Invisível, Comércio de Ilusões, O Eco dos Objetos - cabides da memória , Arte em Movimento, Vidas Desamarradas, Entrelaços,Eles em Diferentes Dias e
A Linguagem da Diferença. |