A cidade é tão bonita no entardecer,
o sol esfrega a esponja de luz
antes de desaparecer...
A lua, toda incandescente e feliz,
se arruma no camarim das estrelas;
voluptuosa, sai empinando o nariz...
Na rua joga a cauda do vestido,
arrasta olhares, amacia corações,
viver sem paixão não tem sentido...
O amante se declara, ruborizado,
a amada escuta, mais corada ainda,
o céu se colore, todo aprumado...
Segue a vida seu cortejo vicejante,
uns vem, uns vão, coisa do destino,
o passado passou a um instante...
Um menino corre atrás da bola,
a menina abraça, contente, sua boneca,
tudo se move, lembrança evola...
Eu, a rascunhar o que sentirei depois,
desenho o rubro poema no papel,
como todos, a espiar o céu, lindo
como um campo de arroz...
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