Os vagalumes continuam piscando, lembra? Você gritou, chorou, dilacerou-se por dentro, mas, minha amiga, os vagalumes continuaram brilhando. Você praguejou, irritou-se, agrediu aos de fora, mas esses fantásticos animaizinhos da natureza continuaram a brilhar. Você pôs-se de joelhos, martirizou-se, clamou aos céus e os vagalumes ainda piscavam igual às estrelas.
E enfim você silenciou-se, fechou a boca, entregou-se ao luto e ergueu o rosto. Você, cara amiga, esqueceu o mundo e encarou o que realmente estava ao seu redor. Você, minha melancólica e amargurada amiga, somente observou. E de repente, com os olhos vermelhos e a vista cansada de lágrimas, viu que os vagalumes giravam, desciam, subiam e rodopiavam como folhas ao vento. Viu que tudo aquilo não passava de uma dança, de uma festa, e se envergonhou por não estar dançando. E, finalmente, viu que o erro era seu. Que era esse o seu erro.
E então, minha companheira de longas estradas, você pôs-se a dançar com os vagalumes e ali, pulando e dando voltas, o peso do mundo que pressionava suas costas começou a diminuir. E foi assim, como uma dançarina, que te conheci, e é para trazer de volta aquela amada dançarina que continuarei lutando.
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