Muito tem sido falado, escrito, e mostrado sobre os novos paradigmas da velhice, ou terceira idade, ou como muitos gostam de dizer, Melhor Idade. Eu, particularmente, questiono a denominação de Melhor Idade. Creio que a melhor idade é aquela em que nos sentimos mais felizes. O sentir-se feliz é uma questão de predisposição interna, de modo de encarar e viver a vida. Isto pode ocorrer em qualquer idade, mas esta percepção, normalmente acontece na maturidade.
Na maturidade costumamos fazer um inventário dos lucros e prejuízos ou como diz Lya Luft das Perdas e Ganhos ocorridos no decorrer da vida.
Nesta época de mais equilíbrio e sensatez é possível, com serenidade, constatar as perdas que começam pela aparência (interiormente parece que elas não ocorrem com tanta intensidade), com os cabelos que começam a embranquecer, as manchas na pele, sinais, dificuldades de visão, de mobilidade, audição e até certo desânimo para quem passa pela síndrome do ninho vazio ou aposentadoria, sem qualquer preparação ou mesmo em função da queda hormonal cuja ocorrência é comum.
Com uma visão mais otimista e com bom humor (indispensável para se viver melhor) dá também para perceber as vantagens, como mais tempo livre, com possibilidade de maior participação social ou lazer, visto que já não existem os compromissos de trabalho que preenchem grande parte tempo. Isto, para quem começou a trabalhar cedo e teve a possibilidade de aposentar-se cedo, com plenas condições de usufruir deste período que antecede a terceira idade, com saúde, disposição e consciência de que a vida não acaba quando termina o trabalho, pois erroneamente costuma-se associar a aposentadoria como prenúncio de inutilidade, inoperância, menos valia, morte.
O indivíduo que tem uma boa autoestima consegue fazer desta época, um período de fruição, quando ele , realmente, vai se dedicar à realização de pequenos sonhos (ou grandes, quem sabe?), de projetos que ficaram armazenados no sótão de sua memória durante anos, por impossibilidade financeira, por contingências de trabalho, de prioridades pessoais ou familiares, ou pelo curso natural da vida.
É época de reaproximar-se da natureza, de amigos de outras épocas, que o tempo escasso não permitia um convívio maior, ou de fazer novos, de diversificar atividades, de fazer novos aprendizados, enfim, de começar um novo ciclo.
É necessário perceber que a vida é feita de ciclos que se completam. Não há que lamentar o que se fechou, posto que nada é eterno. É, sobretudo, um processo de crescimento. A natureza assim nos ensina. Não teríamos a borboleta se o ciclo no casulo não tivesse se encerrado.
Importa é o amadurecimento que ocorre com a mudança. Isto dá uma certeza de renovação, de não estagnação.
O essencial é que em todos estes períodos da vida, tenhamos formado uma base sólida de fé, de otimismo, de esperança, de amor e que tenhamos agregado valor à nossa caminhada, sabendo manter neste percurso a companhia daqueles que nos são caros.
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