É tão contraditório querer tanto o futuro e ser tão apegado ao passado.
Viver o hoje na sombra de coisas que nem aconteceram, se é que hão de acontecer um dia.
O presente me parece tão bom, chega até causar um entusiasmo gostoso de sentir,
Mas é o passado que aparece no ultimo reflexo de lucidez do dia, ao pé do travesseiro.
Porque será tão difícil assim desprender-se ileso do que se passou,
Sem ter que mostrar tão publicamente as marcas que esse sentimento me deixou.
São cicatrizes que causam dor e desconforto,
Não por estarem sobre um tecido carnal, mas sim porque arranham a alma, sem dó.
Esse ácido chamado lembrança corrói de forma implacável, qualquer perspectiva do por vir,
E a velha mágoa de um erro que causou tal catástrofe, me faz repensar tudo que vejo,
Pena que esse repensar venha acompanhado de um “Poderia ser a gente”,
Que antecede um desejo sobre-humano de mudar a frase para “Vai ser a gente”.
Infelizmente a banda tocou um ritmo desconhecido pra mim,
Não acompanhei os passos, me perdi na letra, deixei o compasso para trás,
O andamento da melodia me engoliu e fui despedaçado pelos contratempos.
E assim o nosso show parou, deixando o público esperando o que ainda poderíamos mostrar,
Sim, o show parou, só é difícil acreditar que não pode ser retomado.
Sendo assim, fica o amargo e uma esperança magra, desnutrida, franzina de te ver de novo,
Naquela ótica que um dia nos enxergamos, onde a felicidade e o amor ditavam as regras.
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