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Carta à sorte
Europa Sanzio

Mas eu sei que eu não poderia fugir de você naquele 4 de Fevereiro. Nem se eu tivesse disposta a viajar para o núcleo da Terra, o universo daria um jeito de me levar até você.

E por mais que você me odeie e rejeite totalmente a ideia de haver uma atração cósmica envolvida entre nós dois, eu acredito nela. Confio que fui destinada a te amar, a sofrer até o fim por você. Um destino trágico ofertado a mim, eu sei, mas não fujo dele. Fugir dele é ir para longe de ti, não apenas de modo carnal como vivo, mas também sentimental, e eu não aguentaria tamanho distanciamento.

Eu escolhi te amar até o último dos dias, e, escolhendo isso, também preferi sofrer até lá.

Lembro-me da primeira vez que te ouvi falar. Estava sentado na platéia, e veio a acrescentar algo que já não me recordo mais, mas lembro-me de me empolgar com a sua fala.

Só isso. Nada mais.

Tempos depois, você veio até mim. Recordo-me de como você perguntou o meu nome, parabenizando-me por eu querer seguir a carreira que eu sonhava, e em seguida comentou sobre o livro que eu tinha sobre o meu colo.

Falava pausado, soando cansado e varias marcas do tempo cravadas no rosto. Mas nada o impedia de saber criticar tão bem tudo, e aquilo me tocava mais do que deveria.

Não demorou muito para a gente se dar bem.

Tudo em você passou a me encantar. Desde o seu meio sorriso, o jeito como fugia de um assunto, as rugas nos cantos dos olhos, a barba mal feita, os trajes diferentes, até como posicionava a mão quando me tocava.

Eu sentia no meu peito uma verdadeira bomba de hidrogênio sendo explodida a todo segundo, apenas por te amar.

Queria esbarrar com você na rua, desejava poder entregar os versos que fazia no calor do momento quando pensava em você, ansiava pelos dias que em que te veria, na certeza que teria seu abraço, e eu dormiria feliz.

Quando saíamos juntos dos lugares, era minha dádiva, onde íamos conversado enquanto cruzávamos os corredores.

Para mim, aquilo bastava. Eu nunca ousei exigir mais nada de você, apesar de mal conseguir manter todo o meu amor dentro do meu corpo. Mas eu era feliz apenas assim, sabendo que estava bem e que eu o teria, mesmo que de modo superficial, em alguns dias.

Quando estava com você, apesar de toda a magia que eu sentia, nada jamais conseguiu apagar do meu consciente o fato dos anos que nos separavam.

Eu respeitava aquilo, mas não conseguia negar o pensamento que às vezes vinha à minha mente. Idealizava eu nascendo bem antes, conhecendo você ainda na mocidade. Será que me viria com outros olhos? Tínhamos gostos parecidos, talvez nós déssemos dado muito bem. Eu seria o seu amor, e você seria o meu.

Seria capaz de trocar todos os anos que eu teria pela frente para pular até a casa dos quarenta, apenas para ter você ao meu lado. Eu viveria um pouco menos, mas esse menos seria mais, com você. Afinal, a vida só vale a pena a ser vivida se amarmos e formos amados por quem mais queremos bem.

Eu criei mil dessas idéias, e estaria disposta a concretizar todas, tudo se o resultado fosse eu e você juntos.

Aquele ano se passou, e eu te amei em praticamente todos os dias dele, apesar de outros amores aparecerem na minha vida. Nunca, jamais, abandonei você do meu coração. Pessoas surgiram, mas, no fim, acabava me dando conta que eu amava somente a ti.

Em todos os meus escritos há um pouquinho de ti. E apesar deles serem tão mal elaborados e de rima péssima, ainda há você. Para mim, isso é o que os torna tão únicos. Cada risco, rascunho ou aquarela que crio, é em teu nome. Cada pensamento antes de dormir, até mesmo o beijo dado em outra pessoa, te pertence. Mesmo que não queira, sou sua.

Mesmo hoje, anos depois, quando ouço ouvir a palavra amor, só me vem você em meu peito.

Te amo, meu amor, e assim será, até que nós dois um dia viremos pós cósmicos em um universo distante. Naquela mísera parte que sobrar do que eu um dia fui, ecoará meu grito do carinho que sempre tive por ti.

Não fomos eternos, mas meu amor por ti, será sempre assim. Procure se lembrar de que aquele que é amado por um escritor, será eterno. Você e o que eu sinto estarão vivos enquanto a última letra, de uma frase qualquer que escrevi, sobreviver.


Biografia:
Leio desde criança, quando comecei a achar o mundo enfadonho em demasia. Escrevo desde a adolescência, quando senti a necessidade de dissertar sobre aquele mundo tão tedioso. Prazer, sou Europa!
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