amor é uma casa simples no alto da colina
com um riacho doce e tranquilo a seus pés;
lá de cima, ao longe, bem longe se avista
a cidade fumegante e suas mil chaminés...
Para se chegar lá se sobe por uma montanha escorregadia,
cheia de musgo e vegetação rasteira, molhada e traiçoeira;
alguém cai, tentando, no abismo ao redor, mais dia menos dia,
alguém quase chega, desiste, volta à sua vida quase vazia...
Quando se trata de amor tudo parece fácil, é só ter sentimento,
ninguém repara no calendário que o amor tem em sua parede,
dias difíceis marcados em vermelho, outros vão no vento,
dá de beber a quem água pede, a quem tem muita sede...
Quantos se foram deste mundo por pura falta de compreensão
de que o amor escolhe e não muda de lugar, permanece ali,
não suportaram a ideia de uma das filhas do amor, a solidão,
vir morar em seu peito, deitar-se à sombra da alma, sorrir...
Cavalos se assustam se chegam espadachins pensando em vencer
os obstáculos, delirantes, tentando ao mais alto do amor chegar;
são vencidos pela dor que a falta faz, sem o que o faz crescer,
o verdadeiro de si, a renúncia à posse, o mais belo, se entregar...
Os que chegam acordam numa manhã de sol e riem ao universo,
possuem, cada um, o seu quinhão de felicidade, para a fome o seu pão,
amam, se dão, não temem espalhar amor pois nele estão imersos,
souberam vencer a miséria humana do ódio, ricos em cada coração...
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