Quero o português brasileiro,
o bê-a-bá afro-tupi-brasileiro
e aportuguesar o estrangeiro.
Subo na arreia, sou aborígene,
falo patoás, ailovio as raparigas,
como fubá, ao ouvido duma criança balbucio gongá,jacaré, gambá e jequitibá.
Hei de proclamar o regionalismo na República:
-Fulanos, óiem. Mas óiem com óios de dó.
Acheguem cá, ouçam o que povo canta de mió.
Seguro na mão da menina, brinco de Ai love iú,
bói e caubói. E no final,
defenestro tudo lá de riba
e tiro o excesso da língua.
Na cozinha, preparo a culinária afro-tupi-lusitana,e dessa mistura, sirvo outros pratos à mesa: bacalhoada à moquecada, canjirajé, canziju, dobrajica, pomococa.
Abro o guarda-roupa, pego o primeiro molambo,
vou à senzala requintada,
sento no sofá de dendê,
faço cafuné no moleque e rezo
a oração do candomblé.
Durmo na rede,
como tapioca, mandioca,
pego o bodoque, aponto para cima e atiro no urubu, depois grito ao povo que sou índio xucuru.
Mostro ao mundo o portubrasilês,
filho de nosso enredo,
classicismo de pandeiro,
malandragem de norte a sul do Brasil,
sobretudo a do morro inteiro.
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