Precisa-se de gente multitarefa. Precisa-se urgente. Precisa-se de gente diversificada. A preferência é para quem vive a sabedoria do povo. Gente com capacidade de adaptação, que gerencie emoção e talento para identificar traços alegres na gente.
Precisa-se de gente ousada. Gente de atitude, de semblante forte, e que mantenha no rosto a ternura. Precisa-se de gente entusiasmada. Gente que vez ou outra entre na dança e se divirta no lugar de quem está ausente.
Precisa-se de gente modesta, de gestos leves, pois é chato ver cara sisuda o tempo inteiro, ainda que a vida exija postura séria ao longo da existência.
Precisa-se de gente que persiga utopias. Mas não pense que sonhar vale menos do que estar acordado. A partir do momento em que a gente acredita, o sonho se torna concreto no exato minuto em que os olhos andem despertos.
Precisa-se de gente que não se abale pela indiferença ou maldades praticadas por boa parte da gente. Precisa-se de gente de bem, criativa e contente, de largo sorriso nos dentes.
Precisa-se de gente inexperiente. Em razão do know-how não servir para enxergar a beleza de dentro. O tempo está aí, e preenche com métodos as mentes: seja com o saber dos doutores ou com o saber prático do dia-a-dia.
Precisa-se de gente que não aponte o dedo para gente. Gente que conviva bem com o diferente, que entorne suores, dores e prazeres. Crias da união da gente.
Precisa-se de gente sofrida, abandonada, rejeitada. Precisa-se urgente. São exigências prévias para admissão. Dessa gente à mercê de caras severas, de chefes tapados, do recrutamento sacana de gente. Logo gesticulem feito loucos, gritem alto, arranquem as faixas, rasguem os currículos, puxem os lambe-lambes, queimem os panfletos.
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