Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
Sobre o Poema Para o Zé, de Adélia Prado
Magda Pêgo

Todo mundo sonhou, um dia, em ter um grande amor e com ele envelhecer. Aí descobrimos que é preciso muito amor e com muitos tentáculos para dar conta de tudo: carinho, zelo, atenção, provisão.

Lembro-me da minha mãe sendo fiel ao meu pai até 20 anos depois de ele ter morrido. Após, com o devido respeito, ela pirou o cabeção e ficou doida pra casar-se novamente. Em algum momento ela decidiu que não mais ficaria sozinha. Nunca entendi isso, afinal, a experiência familiar não fora tão positiva assim. Enfim, ela queria e teve o nosso apoio.

Eu creio na instituição da família... não mais do mesmo modo, mas creio. O sonho dela, lembro-me bem, depois que eu fiz 15 anos e fui chantageada para ter uma festa, era o de me ver entrando na Igreja para casar. Não rolou essa última parte. E não falo com tristeza, afinal, eu sou o que escolhi ser.

Entretanto e apesar de meus acertos (ou desacertos) acho ótimo quem encontra alguém que tenha a empatia necessária para amar e viver a dois. Sejam felizes, é sempre o meu desejo.

Esse desejo de que as pessoas sejam felizes a dois é honesto. Afinal, não é por ser irritantemente seca (sem piadas sobre meu peso por favor!) e fria, que não torço pelo bem do amor. Tenho lá minha dose de pragmatismo. Mas também sou romântica, choro nos filmes, e leio poemas e poesias que falam de amor, de saudade, quadrinhas sentimentalóides. Sou intensa. Só tenho minhas formas de controle, o que prefiro manter, quase sempre, até que algo especial aconteça.

E como todo ser intenso precisa extravasar, uma das formas favoritas, para mim, é escrever. Na maioria impressões do que li, vi, ouvi, gostei, curti, amei, adorei, detestei.

Estou dizendo tudo isso porque nesta semana tive a grata satisfação de ler um poema maravilhoso de Adélia Prado. Já sabia que ela era incrível, mas não tinha lido algo tão intenso quanto o “Para o Zé” (sugiro ler o poema antes de prosseguir com este texto).

De uma ternura e amorosidade extraordinárias, ele discorre sobre a convivência a dois de modo simples e poeticamente belo. Quase consigo enxergá-los no dia a dia, sobreviventes da dispersão do tempo e da rotina.

Amor. Simples motivação para o bem querer a si e ao outro. Motivação maior para quem ousa não se sujeitar de modo subserviente, mas que traz em sua essência o prazer em servir e, de modo especial, a quem se ama, com e apesar das manias, e com um alento digno de seus amplos significados, a fim de inspirar, acalentar, animar, encorajar.

Amor. Que depois do abstrato, ainda tem tempo para o concreto. Depois de lavar, passar, cozinhar, arrumar a casa, tem o prazer em ouvir a matéria: o respirar, o coração, sendo consciente de que ela é perecível e que, amar, é deixar na memória tudo o que não o é... o vívido... o audível... o toque... os olores... os sabores...

Esse homem é o amor que instiga nela a beleza por dentro, por fora, e que se desdobra, cobrindo naturalmente o ambiente, fazendo dele algo aprazível.

Uma vida a dois. Nenhuma restrição. Um incircunstancial bem-viver, parece-me, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, tatuando na memória as peripécias, os prazeres e as angústias. Sim. Na angústia também se ama.

E o lava-pés... Que linda descrição. Alusão bíblica à lavagem dos pés dos discípulos ou dos pés de Jesus? Não importa. O que importa é a ação. O servir. O desejo de servir. O prazer em servir como mulher, esposa, mãe.

O homem: José de Freitas. A mulher: Adélia. Os sinais: os sentidos. O resultado: um grande amor.

O mais marcante para mim: "Te aprendo, homem. O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível."


Biografia:
Canela Verde, Leonina com muito orgulho de melhor década (70), Bacharela em Teologia,colaboradora no Governo Federal há mais de 23 anos. Rasgava tudo o que escrevia. Agora, Papel Zero! Mas ainda Rasga-se por dentro. http://ellie-violet.blogspot.com.br/ https://twitter.com/MagdaPego?lang=pt-br https://www.facebook.com/magda.pego
Número de vezes que este texto foi lido: 52819


Outros títulos do mesmo autor

Poesias Metamorfose da Nau Magda Pêgo
Biografias Meu Muro Mental Magda Pêgo
Poesias Sobre "Minhas Queridas", de Clarice Magda Pêgo
Crônicas Feliz Liberdade Magda Pêgo
Poesias Solturas Magda Pêgo
Artigos Umami Magda Pêgo
Crônicas Comer, Rezar e Amar Magda Pêgo
Poesias Singularidades do Amor Magda Pêgo
Poesias Sina Magda Pêgo
Poesias Sem Elementos Magda Pêgo

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 17.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 69005 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57915 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56752 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55826 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55089 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 55030 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54915 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54880 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54798 Visitas
Coisas - Rogério Freitas 54773 Visitas

Páginas: Próxima Última