Ó empedernida solidão, estática, parada
num jardim desta cidade, sobre o busto que levanta
uma espera imortal! Fitando a luz do nada
ergue-se do chão, Florbela Espanca!
Minha vida é cor da sua! E ninguém me peça
pausa ou silêncio! Que a vida que me deram
cor dos olhos dos mortos que morreram
é fria, porque os mortos arrefecem depressa!
Só não arrefece aquela eterna e profunda solidão
Cor da mágoa das Gangrenas do Senhor
esse busto ou ilusão de Ser nas necroses do coração
que no jardim está parado num imenso mar de dor!
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