Oh poesia,
te anuncio ao dia
como o sol faz sempre,
contracanto ou melodia,
seja a qualquer tipo de gente,
no garrancho do estúpido
ou na grafia condizente
com os literatos,
seja para os que se fartam
ou para quem nada tem no prato...
Oh poesia,
que se encanta com grãos de areia
enquanto tantos de apaixonam pelo mar,
que não se recusa às mares cheias
enquanto tantos preferem o manso navegar...
Oh poesia,
que nunca saberemos de tua resiliência
por nós, vastos e admiráveis ignorantes,
saberemos apenas que a nós se dá como ciência
que se aplica embora não saibamos sequer o que cante...
Oh poesia,
que sem pressa e sem lentidão
avança sobre os ossos das eras passadas
como faminta fera que, sem saber o que é coração,
abre o estatuto do sonho a quem somos paginas viradas...
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