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Antigamente o homem sonhava
e usava o motor mais potente: a imaginação...
Imaginava estar flutuando na imensidão,
nasciam-lhe asas, grandes, abertas,
passeava, feliz, por sobre florestas,
em voos rasantes tocava riachos,
desviava de galhos e gaviões,
seus olhos eram dois corações,
seus desejos brilhante facho...
Passa hoje o homem, lá no alto, na poltrona do avião,
não aprendeu a voar, mas, sim, sair do chão,
usar óleo, ferro e gasolina,
imaginar-se ave estranha,
das alturas inquilina,
a olhar para baixo e procurar, nos becos,
a saída para a sua vida, olhos secos,
voa cada vez mais rente ao chão,
talvez o pássaro da ilusão
tenha lhe ensinado pouco sobre o céu,
acorrentado sua potente imaginação
aos desígnios da suposta posse da matéria
impedindo que a leveza de sua alma
permaneça leve e não seja coisa tão séria
levada tão à sério pelo seu coração...
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