Que caminho devo seguir quando me encontro na encruzilhada
sem nome, tabuleta, apenas o visível pó da estrada,
a lucidez atingindo seu limite,
que é o que a razão permite?
Que atitude devo tomar quanto te encontro tao triste
a remoer lembranças e quando pergunto ainda insiste
em dizer que vai dar um jeito,
desamarrar esse nó no peito?
Que é que eu posso fazer quando caem bombas longe e tão perto,
explodem como se fosse dentro do meu coração e estão no deserto,
a ferir crianças que à escola iam,
os animais que da feira vinham?
Que palavras devo usar quando o ódio sai pela vida a semear dor,
se finge de bom, espalha o tom escuro, nem dá para chamar de cor,
e eu, como um poeta a sangrar poesia,
o que devo fazer: escrever sobre alegria?
Que herança quero deixar aos que virão depois do Armageddon,
será que prédios altos e casamatas e bunker's sem vida e som,
sem poder sair às ruas por causa da radiação,
sem poder amar por ter trancafiado o coração?
O que será que será depois que se for o ar e vierem as máscaras,
nós, sem ervas, sem medicina, sem pajés, sem florestas, só latas,
os lábios e as palavras cortantes, aos pedaços,
a nos caírem das bocas, me diga: o que faço?
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