vou no ônibus roendo as unhas e elas são grandes mesmo assim. na aula eu fico escrevendo na borda do caderno, fazendo croquis de estranhos. mesmo assim tenho nota boa. não sei mais fazer dedilhados bonitos no violão. canto no banho sempre que tô triste ou feliz. só não canto se estiver morta de sono. acordo assustada de madrugada e volto a dormir. fico triste quando o despertador desperta e feliz quando consigo sair da cama. tenho paixão aguda pelo banal, tipo um moleque de 6 anos dançando quando o foodtruck toca rock. não quero parar agora. cativo pessoas com piadas toscas. não sei não brincar e não aceito brincadeira. tenho medo de ter que levar a vida realmente a sério. achei que na minha idade eu faria mais coisa. não faço. não achei que saberia tanta coisa, que haveria tanto a saber. mas sei e há. e gostaria de desaber certas coisas que doem. tenho um problema com espaço pessoal e físico e não falo nunca sobre motivos. se eu abraço alguém por pura vontade é um nível de amizade absurdo. intimidade da maior. tenho medo de escuro mas nunca durmo de luz acesa. não gosto de beber porque não lido bem com limites. (bebo muito, mesmo assim) amo mojitos. não tenho paciência pra gente que não se esforça pra entender. gosto de dançar, mesmo tendo absoluta certeza de que não sei. sou doida por são paulo e por alguns sorrisos paulistas. meu lugar favorito no mundo é sempre o último que eu conheci. meu livro favorito é sempre o último que eu li. fico obcecada com músicas velhas e nunca supero, só deixo de lado quando conheço uma outra. tenho fetiche por versões acústicas, sotaque britânico e gente que sabe conversar. tenho tendência a morrer de amores por um virginiano. sei mais sobre signos do que deveria. não leio tanto quanto eu gostaria e olha que eu leio muito. sou medrosa de tudo. insegura. odeio e amo muvuca. escrever é a única coisa que não me imagino não fazendo. meus melhores amigos nem sabem que são. demoro a me apegar a pessoas. só faço compras em um mesmo mercado por causa dos biscoitos de goiabada frescos. sinto falta da minha avó, mesmo morando perto dela agora. preciso parar de madrugar em baladas simplesmente porque meu corpo quer um tempo de descanso.amo direito civil, agora e sou louca por letras. e não trabalho com coisas medianas. ou sinto muito ou não sinto nada - o que é um puta clichê, mas a minha verdade sobre a vida. quero aprender a falar francês. desisti de ir embora. tenho fobia de sossegar. detesto entrevista. a única coisa que alguém precisa fazer pra me conquistar é ter lábia, falar coisas inesperadas, me fazer gargalhar. vou parar de escrever isso agora porque sim.
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