Tenho a faca e o queijo nas mãos mas, cadê a fome?
Abro livros sem nexo e que falam de Cristo a pudim de banana,
trafegam entre filosofias como a noite entre dias,
abro o álbum com a foto de alguns que viveram por todos,
nenhum deles tem nas mãos as cascas de um ovo,
todos comeram suas criações e inventaram outras,
o verdadeiro homem quebra as regras em nomes das que inventa,
a verdadeira mulher recria a vida porque assim se reinterpreta,
o ódio, triste por viver sozinho, bate na porta do amor e o mata;
tenho tantas perguntas mas nenhum oráculo,
homens mortos criam leis e punem os que estão vivos,
essa é uma forma de impedir que o amor procrie,
impedir que as pessoas criem caso e façam qualquer revolução;
um dia, quando estiver perto de uma fonte, jogue uma moeda,
faça um pedido, espere, se nada acontecer, caminhe,
vá até onde o cimento e a areia espera pela água de tuas lágrimas,
levante a casa e a chame de coração,
coloque na porta, escrito em sangue:
aqui mora quem ama apesar de toda a violação...
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